segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Happy New Year!

   Era 31 de dezembro, perto da virada do ano, acho que onze e quarenta e cinco da noite, um garoto se encontrava perto do calçadão de uma praia quase vazia. Estranho, em pleno ano novo uma praia está quase vazia, mas estava sim assim como o garoto. Ele havia saído de casa escondido durante uma festa que estava havendo em sua casa, precisava tirar as coisas ruins de dentro de si. Sentou-se no calçadão e ficou olhando para o mar até que uma garota sentou-se ao seu lado e não falou nada. Ele olhou para ela e ela olhou para ele sorrindo. 
   - Venho aqui sempre no ano novo. - Disse a garota
   - A quanto tempo vem aqui? 
   - Muito tempo - Ela fugiu do assunto - Por que estás sozinho?
   - Estou quase vazio por dentro. 
   Ela se levantou e esticou a mão para que ele segurasse. Ele apenas se levantou junto com ela, mas não segurou sua mão. Ela correu rapidamente para a areia da praia e ele foi andando atrás dela. Chegou perto da água da praia e sentou-se. Ele ficou olhando um pouco mais distante.
   - Ei! A praia leva as coisas ruins de você. - Ela gritou e ele foi se aproximando até sentar junto a ela - Me sinto mais relaxada aqui.
   - É muito bom aqui. Eu precisava pensar e parece que está funcionando - Ela o encarava.
   Eles ficaram em um longe silêncio. Foi quando ela o deu um susto pela fala espontânea:
   - Feliz ano novo.
   - Mas ainda não soltou nenhum fogos, como é ano nov... - Ele foi interrompido por um fogo que saiu do outro lado da praia. E ela sorriu pra mim de um jeito meigo. - Como sabia?
   - Já estava perto do ano novo mesmo. - E olhou pra baixo e depois para a água.
   De novo um silêncio longo entre eles e algumas pessoas estavam gritando e comemorando pelo novo ano. Mas eles estavam lá ainda.
   - Não vai embora? - Perguntou ela.
   - Está querendo que eu vá embora?
   - Sim, estou.
   Ele a olhou pela última vez e se levantou.
   - Ei - Gritou ela quando ele estava indo - Que seu ano seja repleto de felicidades.
   - O seu também! - Gritou enquanto voltava até ela. - Quando vamos nos ver de novo?
   Ela riu.
   - Precisa ir agora. - E ele foi embora.
   Quando ele foi embora, ela colocou os pés na água e ficou olhando para a caldeias de montanhas logo depois da praia. Ia ser um novo ano maravilhoso para ele, mas não para ela. Ela havia perdido mais uma oportunidade de todos seus anos e teria de esperar mais de 360 dias para voltar ali e talvez ele nem aparecesse mais ali.

Autora: Katlyn Neris

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Quase 9 anos.


Natal, 25 de dezembro de 2012


   Ei garota,
   Hoje é natal e eu descobri que você não quer mais a minha amizade por perto. Quer dizer, já haviam me dito antes, mas eu preferi acreditar em você e achar que queria ser minha amiga para o resto da vida. Mas, sabe, hoje mais uma pessoa me contou a mesma coisa das outras milhões de pessoas que me contaram o mesmo. E sabe qual foi minha reação? Meu chão caiu. Eu pensei nas outras pessoas que me disseram o mesmo. Mas isso não foi ruim. Pelo contrário, eu percebi que eu tenho que deixar de ser idiota e deixar de acreditar demais nas pessoas.
   Eu não queria ter que jogar quase 9 anos de amizade fora, em pleno natal, mas hoje eu pensei em tudo que você me fez. Foram momentos tão bons que a gente passou juntas, você lembra? Mas nas minhas costas você não falava dos bons momentos, você preferia sair contando coisas que não estavam no meu vocabulário. Cada dia que passava, mais pessoas iam me dizendo a mesma coisa de você, mas eu fui perdoando, até que sempre tem aquela hora que a gente cansa.
   Uma vez me disseram a seguinte frase: "Ela tem um ciúme enorme de você" E eu não podia acreditar nessas palavras. Até porque melhores amigas não tinham ciúmes umas da outra, elas apoiavam uma a outra. Outra pessoa me disse: "Isso é inveja". E isso ficou também na minha cabeça, mas eu levei. Outra me deu o celular e preferiu fazer eu ver com meus próprios olhos do que falar. Aposto que você não sabe a dor que eu senti de ler as coisas que você falava de mim. Doeu. A dor de uma faca entrando dentro de mim e ficando mexendo toda hora. E até olhando o que você disse, eu disse: "Deixa, eu perdoo ela".
   O que você acha dessas coisas que eu escrevi até agora? Forte? Mas isso foi as menores coisas que você fez comigo. E é por isso que eu estou escrevendo essa carta, porque eu quero que você saiba tudo que um dia me fez.
   Você lembra daquela mensagem que eu te mandei no celular, enorme, que eu não queria perder sua amizade? Era sincera. Era uma mensagem sincera. E diante tantas palavras que eu disse, você apenas disse: "Você é minha melhor amiga". Não esperava isso. Mas eu não liguei muito. Eu iria seguir meu caminho mesmo sem nenhuma amiga do meu lado. Aliás, amigas que eu sei que posso confiar eu tenho e sei que não estou sozinha. Além de amigas, tenho muitos amigos. Você foi mais uma que saiu do meu caminho. Mas eu sei o verdadeiro motivo. Você criou novas amigas. Amigas que se parecem com você. Daquelas que gostam de que todos saibam de algo que elas fizeram. Uma vez você disse que era parecida comigo e eu pensei: "Quê?" Enquanto você quer que todos vejam quem você é, eu prefiro ser a invisível estranha que fica no canto da sala esperando alguém falar comigo. Acredite ou não, eu sou assim.
   E eu lembro de quando a gente se conheceu. Viramos amigas e de repente, agora, tudo acabou. Sabe o quanto dói chamar de ex amiga? Saber que uma amiga de quase 9 anos agora é apenas uma ex amiga e uma conhecida? O jeito que você falou foi tão doloroso que eu tenho certeza que pra você 9 anos não vale nada. Ah. claro, te conheço a anos e qualquer defeito que uma pessoa tem, você quer jogar a pessoa fora como se fosse um urso de pelúcia velho. Ei, garota, o mundo não vai nunca girar em torno de você, você também tem defeitos.
   Se eu estou sentindo sua falta? Não. Não estou. Estou feliz demais, tirei um peso de mim.
   Eu poderia passar horas falando as coisas que você fez comigo, mas eu prefiro apenas dizer que acabou e deixar você pensando em tudo o que fez comigo, porque eu tenho certeza que você sabe. Não quero afastar ninguém de você, mas acho que algumas pessoas devem saber sobre o rótulo antes da embalagem ser aberta. Se eu contei algo a alguém que também te magoou, me desculpe. Me desculpe por tudo que eu te fiz. Mas, ei, vou lembrar de você. Pra sempre. Porque o que um dia passou na minha vida, eu nunca mais esqueço.

   De sua ex amiga, Katlyn.

Autora: Katlyn Neris

domingo, 23 de dezembro de 2012

Para sempre da realidade



  Ela estava quieta. Sentada no banco da escola e lendo um livro de capa amarela. Tão concentrada que parecia estar vivendo aquele mundo, mas ela estava realmente vivendo aquele mundo. As pessoas passavam, riam, criticavam, mas ninguém sabia o quão bom era aquela sensação de estar em outro mundo tão mais perfeito e mais emocionante do que o mundo real. Até que alguém resolveu parar e sentar ao seu lado e tirou da mochila um livro de capa escura. Olhou para ela e sorriu. Mas ela não tirou o olho do livro. E quando alguns amigos dele estava passando por ali e ele logo colocou o livro na mochila e saiu.
  Dez minutos se passaram e ela ainda estava ali. Ela iria perder a próxima aula. E perdeu. Leu todo o livro ali, no banco, em duas horas. Foi bem na hora que tocou para o recreio na escola. E as pessoas passavam correndo ou rapidamente por ela, sem olhar para ela como se ela fosse uma indiferente ou uma invisível. Mas acha que ela se importava com isso? Claro que não. Ela deu uma piscada demorada e sussurrou alto de que estava pronta para desistir daquele mundo e seguir o seu mundo.  
   Quando finalmente abriu os olhos, não viu nada além do que já havia visto antes e ficou um pouco decepcionada por não poder criar um mundo num piscar de olhos. Abaixou a cabeça. Um outro garoto sentou ao seu lado, mas dessa vez não tirou nenhum livro da mochila, apenas ficou olhando para ela que tentava criar seu mundo diante várias piscadas. E quem disse que ela olhou pra ele? Não, ela não olhou um segundo se quer. Estava concentrada demais. Ele segurou em seu ombro e ela levantou a cabeça, mas não olhou para frente, olhou para a árvore na frente. E viu cair todas as folhas daquela árvore e deixar tudo branco. E quando finalmente olhou para o garoto, viu um pequeno gnomo. 
   - Você não é um príncipe. - Disse a pequena garota que estava com um traje parecido com o da Branca de Neve. Ela esperava que um príncipe estivesse ao lado dela para fazê-la feliz assim como acabou todos os finais dos contos de princesas.
   - Pois é, eu sou apenas um gnomo. - E ele ainda sorriu o que fez ela estranhar. - Eu fiquei olhando para você enquanto lia seu livro.
   Ela apenas ficou olhando-o estranhamente, como quem queria dizer: "mas aqui é meu mundo de conto de fadas, cadê meu príncipe?", mas ela não era tão arrogante assim.
   - Ei - Disse ele. - Você vive em um conto de fadas, não é?
   - Sim, mas no meu conto de fadas não deveria ter gnomos.
   - Talvez você pense diferente. Talvez seu príncipe não seja um que use coroa ou uma capa vermelha, e que tenha um cavalo branco e que irá te levar para ser feliz para sempre.
   - Está me dizendo que nada é pra sempre, querido gnomo? - Ele rio de como ela o chamou.
   - Estou dizendo que seu conto de fadas não é igual os contos de princesas que tudo tem sempre um final para sempre. Seus contos são aqueles que você tenta descobrir o fim. 
   E ela olhou novamente para a árvore. Sorriu e olhou ao redor. E encontrou o que ela nem sabia que estava procurando: Uma explicação para seus contos insanos. Olhou para o gnomo novamente ainda sorrindo e disse:
   - Então eu te imaginei no meu conto de fadas?
   - Não, estamos na realidade, apenas tentei entrar como um gnomo na sua história. E deu certo.

Autora: Katlyn Neris

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Eu estava aqui para lembrar (fim do mundo)



Palavras foram jogadas fora, mas eu estava aqui pra lembrar;
Beijos já não significavam mais nada, mas eu estava aqui para lembrar;
Os 'eu te amo's parecem ser 'bom dia' e eu estava aqui para lembrar;
Há momentos que não se passam mais pela cabeça de algumas pessoas
e eu estou aqui lembrando deles;

Mas, além dessas pessoas, há outras pessoas que marcam muito mais
Momentos ruins são sempre lembrados
Mas os momentos bons são mais lembrados ainda.

Os risos no rosto que todo dia eu me lembro;
E eu penso em te abraçar. Sim, eu me lembro;
Noites olhando pra você, eu me lembro;
Os 'eu te amo's eram sinceros, eu sei, me lembro;
mas eu não queria ter deixado acabar

E o fim do mundo chegou, só quero poder dizer as últimas palavras
Não sei do que irei morrer, não sei se irei sobreviver
Mas quero dizer que vivi.
Por isso estou aqui lembrando dos melhores e piores momentos.
Eu só queria está viva para continuar aqui tendo o dom de lembrar

"Eu te amo"
Foram minhas últimas palavras
E elas foram para você
Por favor, não me esquece
Seja lá onde você esteja?

Autora: Katlyn Neris

domingo, 16 de dezembro de 2012

Já teve um amor de menos de 5 anos? Não, isso é paixão.

Natal, 16 de dezembro de 2012.

   Caro conhecido,
   Escrevo-lhe esta carta não só porque poderia ser um ano de namoro, mas lembrei-me de ti. Adivinha quem eu encontrei hoje. Sei que você não faz a mínima ideia. Então, eu encontrei a garota pela qual você me trocou. E, com certeza você lembra, hoje é o aniversário dela. E eu desejei a ela muitos anos de vida. Você deve está pensando: Por que fez isso? Mas ela não tem nada a ver com o que você fez e ela não quis você. 
   E eu lembro que ano passado, nessa mesma data, no aniversário dela, todos saímos para nos divertir. Ah, era tanta gente que nos separamos em dois, mas você estava lá no mesmo "bloco" que eu. Talvez você se lembre ainda de quando perguntou se eu queria que fosse serio. E eu disse sim. Mas eu não disse sim porque gostei de você. Eu me apaixonei por você. Apaixonei. Paixão. Paixão dura no máximo 5 anos pelo que já ouvi dizer. Mas a pessoa que você namorou, não era eu. Eu sei quem você achava que eu era e eu não era o que você achava. 
   Ei, querido, você ainda está lendo?
   Eu ainda lembro da nossa primeira briga. Você lembra? Eu sei que lembra. Eu ainda lembro do seu e meu aniversário que passamos juntos, lembra? Sim, você lembra. E das vezes que saímos só nós? Você também lembra. Você lembra de todos os momentos que passamos juntos, eu sei. E sabe porque você lembra? Porque você voltou atrás. Você veio me procurar e queria ler um "eu também ainda gosto de você", mas você saiu e não deixou 
eu terminar de concluir. E sabe qual era a conclusão? Você ainda não sabe, mas eu vou te contar. Preste atenção e leia devagar a cada palavra.
   O que você achava de mim? - Dramática? Ingênua? Carinhosa? PERFEITA? - Eu não sou nada disso. Eu sou aquela garota forte, sempre, e que mesmo que chore, isso não prova que sou fraca em alguns momentos, isso prova que eu coloco pra fora o ódio de mim. Carinhosa? Nunca fui, nunca sobre demonstrar meu amor, mas eu tentei te tratar bem. E, sabe, eu estava me matando. Sim, me matando. Sabe por quê? Porque eu estava forçando ser alguém que eu não era. E foi ai que eu descobri que não era amor, mas sim paixão. As pessoas costumam dizer que o amor é um sentimento ruim, mas não é, o amor é um sentimento bonito. Ou seja, as pessoas confundem amor com paixão. 
   Você tinha sonhos. E eu também. Mas você sempre decidiu os NOSSOS sonhos. E eu não consegui descordar. Burragem minha? Sim, foi burragem minha, eu fiz muitas burradas quando namorei com você. Não estou dizendo que namorar com você foi uma burragem, mas as minhas atitudes. Você nem sabia que eu planejava nunca me casar. Sabia? Sabia também que eu não queria morar em outro país? Sabia que eu preferia ser a esquisita do que a popular? Não, você não sabia de nada disso. 
   Lembra que a última frase que eu falei foi "Mas eu fiz a mesma coisa"? E você não quis que eu continuasse, mas eu vou falar o que era. Eu errei com uma pessoa e me arrependo muito e voltei atrás, mas diferentemente dessa pessoa, eu não lhe aceitei de volta porque eu sabia que você me fazia ser quem eu não era. Ah, lembrei também que eu perdi inspiração para fazer uma coisa que eu sempre gostei: Escrever. Ah, como eu amo escrever.
   Ah, reparou na imagem? Eu editei pra você entender melhor o que aconteceu entre nós.
   Mas, além de tudo isso, quero lhe dizer também que eu quero que você siga em frente e viva. Não quero guardar rancor de ninguém e por isso eu estou escrevendo essa carta para lhe desejar toda felicidade e que você tenha muitos anos de vida. Mas eu posso te dar uma dica? Quando você tiver uma outra namorada, preste atenção no que ela faz. Cuidado com as palavras que você for usar. E pergunte se ela quer viver o seu sonho com você ou se esse sonho não é o sonho dela.

De sua conhecida, Katlyn.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Idiotice Humana.

   Um certo dia, minha irmã mais nova e eu não tínhamos muito o que fazer e ela queria se divertir, resolvi leva-la em um lugar diferente dessa vez, já que sempre a levava pro parque da praça. Fazia tempo que não ia naquela floresta, desde meus 7 anos, mas eu lembrava muito bem dela. Era uma floresta com tantas árvores enormes e um pouco ao norte, havia uma mini praça, apenas com alguns bancos. Eu gostava de ir pra lá para brincar de esconde-esconde com alguns amigos meus.
   Quando passei pela ponte, antes de chegar na floresta, senti que a minha irmã ficou um pouco assustada. Ela nunca havia passado por essas sensações de aventura e, quando passou, ainda estava segurando em minha cintura e olhando pra baixo mesmo tendo pedido pra ela não olhar pra baixo que era pior. E quando andamos mais uns dois quilômetros, deparei-me com alguns troncos de árvores quase pela raiz. Ou seja, a maioria das árvores estavam cortadas. E eu não acreditei que aquela era a linda floresta de 9 anos atrás.
   - Esse é o lugar lindo? - Perguntou minha irmãzinha.
   - Não era assim...
   Minha irmã tentou animar-se já que havia andado tanto. Viu alguns pássaros no chão e começou a brincar com eles. Fiquei olhando para o redor e me senti como se parte do meu passado estivesse sido destruído. - Como vou contar para meus filhos onde me diverti tanto sem essas tecnologias de hoje? - Perguntei-me sozinha enquanto tocava nos troncos cortados.
   - Má! - Era assim que minha irmã me chamava - Olha, tem um homem ali.
   Olhei com atenção e ele estava retirando mais uma árvore. Mandei minha irmã ficar onde estava e corri até o homem, com medo do que eu iria dizer e do que ele iria dizer.
   - Moço, desculpe perguntar, mas por que está tirando a moradia dos pássaros?
   - É meu trabalho! - Ele tinha uma voz grossa, mas falou como se estivesse triste com aquele trabalho.
   - Desculpe-me perguntar, mas o que será feito com a madeira da árvore?
   - Qualquer objeto de madeira, como casa pra cachorros... Você sabe.
   - Casas para pássaros também?
   - Sim, casas para pássaros também.
   - Você tira a casa dos pássaros para fazer outras casas pros pássaros?
   Ele olhou pra mim e silenciou. Pegou a serra elétrica e saiu com o caminhão. Nunca mais o vi.

Autora: Katlyn Neris.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Tanto esperado.

  

   Ela estava com o coração batendo e quase não tinha respiração. Sorria tremendo os lábios e se mexia pouco para não demonstrar a tremidão. Foi quando ele a abraçou por um ombro e olhou fixamente em seus olhos. E ela não resistiu, também olhou. Mas, fracamente, não conseguiu encarar por muito tempo e logo virou sua visão a frente. Seu coração estava tão forte que ela estava com medo que ele parasse ali, juntamente da pessoa que gostava. 
   Depois, a mesma coisa se repetiu e ela, inocente e medrosamente, se afastou. Até que não conseguiu ficar mais calada. Ela precisava de pelo menos uma simples demonstração de amor e teria que ser com um beijo. Naquele dia. Naquele momento. - Ela lembrou daquele ditado "Não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje".
   - Eu sou muito idiota, não sou? - Disse virando a olhar pra ele
   - Por que dizes isso, pequena? - Ele sorriu tão calmo.
   - Porque não consigo te dizer uma coisa... Eu acho que é isso
   - O que queres me dizer?
   Ela se aproximou dele e segurou com as duas mãos em seus ombros. Sussurrou que seu coração doía e ele percebeu que aquele ia ser o momento, mesmo que ele não quisesse totalmente. Ela arrastou uma das mãos até sua nuca onde agradecia por ter tanta coragem. Sorriu, bobamente. E ele retribuiu com o mesmo sorriso. Ele puxou-a pela cintura vagarosamente e sentiu uma sensação de maior alegria do que da última vez. Percebendo que ela não era mais a mesma de 1 ano atrás. Mudou, não só pelo beijo, mas um jeito meigo a mais. E ela? Ah, ela sentiu-se no paraíso. Ela sentiu-se orgulhosa de si mesma por ter conseguido com sucesso seu objetivo. Quer dizer, uma parte.
   - Eu queria pedir, novamente, perdão. Eu me iludi e talvez fosse pequena demais para entender o que eu sinto. - Pausou - Percebi que não vivo sem você. 
   - Eu tenho medo. Você sabe.
   - Eu sei. Estaria do mesmo jeito se fosse você. 
   - Mas você me conquistou muito mais com teu novo jeito. Acho que estou gostando muito mais de você.
  Sorriram.
   - Acho que esse tempo foi bom pra nós dois, então.
   E ele a beijou novamente diante um pedido tanto esperado por ela. Diante aquele dia, eles prometeram que a vida dos dois iam ser do jeitinho que estavam: Um gostando do outro e, acima de tudo, amigos. Ou melhor, melhores amigos. Eles deveriam ter ficado um pouco sem jeito, mas não. Eles se abraçaram como dois amigos.

Autora: Katlyn Neris

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Leitura Abundante = Esquecer do Mundo


Vamos esquecer do mundo
E tratemos de ficar sonhando
Não há nada melhor para me deixar fora
De todos os problemas desse lugar
Sinto-me livre das falsidades

Terror? Romance? Comédia? 
Estou engolindo todos os livros
E deixando as cores fugirem.
Quando me der conta
O mundo estará preto e branco

Não estou mais aqui
Fugi para um tão quanto distante daqui
Por que é assim que me sinto
Não preciso chorar
Não preciso ficar com raiva
Eu tenho um livro
Para a qualquer hora fujir do mundo
Basta abrir a gaveta 
Escolher qualquer livro
E nem os satélites me localizam mais.

Autora: Katlyn Neris

Bom dia de adolescente


   Todos os dias que ela chegava na escola, estava com o melhor dos sorrisos no rosto e ninguém entendia aquela felicidade que escorria pela boca. O porteiro da escola, então, estranhava muito como uma adolescente sempre aparecia com um sorriso já que os adolescentes são tão complicados, ou seja, um dia com sorriso, no outro passa e nem dá "bom dia" e assim adiante. E quando chegava na sala de aula, ela botava os fones de ouvidos e ficava cantando músicas animadas ou estava conversando com seus amigos. Sempre sorrindo. Foi ai que um dia o porteiro percebendo tanta alegria, resolveu que naquele dia ia perguntar.
   - Bom dia, Seu Luan! - Dizia a garota como sempre sorrindo.
   - Bom dia! Ei, posso te perguntar uma coisa? - A garota parou ao lado dele. - Você é a única adolescente por aqui que sempre chega sorrindo. Esse sorriso vem acompanhado de lágrimas a noite?
   - Lágrimas, Seu Luan? Claro que não.
   - Nossa, que legal! Então você é feliz?
   - Sou sim, muito feliz.
   Ele sorriu pra ela e ela retribuiu o sorriso olhando pra baixo e depois levantando a cabeça.
   - Sou feliz, mas também tenho motivos pra chorar. Só não choro, porque eu sei que vale muito mais a pena está sorrindo.
   - Então você está sorrindo falsamente?
   - Claro que não! Eu estou feliz. Os motivos que tenho de chorar é em relação a amor, amizade... Enfim.
   - A maioria chora por amor. Por que não choras por amor?
   - Porque, acima de tudo, eu coloco o amor em sintonia com amizade. Se não der certo como amor, ainda resta a amizade que é tão mais forte.
   - E as amizades? Você sempre me parece conversar com tantas pessoas. Na maioria das vezes, você encontra alguém aqui na portaria e vai para sala conversando.
   - Mas não basta conversar. Muitos são falsos, não fazem parte da minha "turma", são complicados demais pra mim, se amostram demais... Essas coisas. Nem todo mundo pode ser considerado amigo, não é? Falo por educação que tenho e quero me enturmar com as pessoas da minha sala, já que convivo todos os dias com eles.
   O porteiro olhou-a sorrindo mostrando os dentes e depois a viu correndo para a sala. E ele ficou a pensar, ela estava realmente certa em sorrir. Pra que chorar por alguns motivos se você também tem motivos pra sorrir? - E a partir desse dia, o porteiro sempre passava uma mensagem para cada pessoa que chegava chorando ou sem dar "bom dia" e acredite, semanas depois, todos chegaram com um sorriso no rosto.

Autora: Katlyn Neris

domingo, 21 de outubro de 2012

O chaveiro da estrelinha amarela

   Eu estava saindo de supermercado quando fui abordada por uma criança chorando que correu e abraçou. Talvez tenha achado que era sua mãe. Eu, garota de 17 anos estranhei, mas abracei a criança. E depois ajoelhei-se perto dela e perguntei onde estava a sua mãe, mas ela não respondeu. Continuou chorando e pensei em ir até o gerente do supermercado anunciar no som onde estava a mãe da criança, mas, em vez disso, peguei a criança no braço e sai perguntando para as pessoas ao redor. Todas respondiam que não conhecia a criança e nem era a mãe.
   Estranhando, fiquei rodando por ali e, depois de 30 minutos, a criança não tinha mais forças para chorar, apenas soluçava. E foi quando resolvi perguntar novamente para ver se ela respondia. A criança chacoalhou-se e pedia pra ficar no chão. Assim   fiz, deixei a criança no chão e ela saiu empurrando o carrinho de supermercado até um carro desconhecido.
   - Esse é o carro da sua mãe? 
   Ela apenas balançou a cabeça afirmando não. E depois deu a volta ao carro querendo me mostrar a janela do banco do motorista. Quando olhei pela janela, eu vi, primeiramente, um celular caríssimo no banco do passageiro e depois levantei a visão vendo um chaveiro no espelho de dentro do carro. Eu reconhecera aquele chaveiro. O chaveiro era uma estrelinha pequena e amarela feita de tecido, do mais velho possível, e ainda tinha umas bijuterias sobre o barbante que lhe prendia no espelho. 
   ERA MANHÃ BEM CEDINHO QUANDO MINHA MÃE RECEBEU A LIGAÇÃO DE QUE A MINHA AVÓ estava precisando falar urgente com ela e não poderia ser via telefone. Minha avó morava em outra cidade, uns 100 km da minha cidade. Eu ouvi o barulho da minha mãe gritando com meu irmão mais velho de que ele teria que ir para escola sozinho porque a vovó estava um tão quanto estranha no telefone e meu irmão gritava com ela de que não iria para escola. Acordei arrastando meu lençol e meu urso  de pelúcia para ver o que estava acontecendo e mamãe correu até mim.
   - Mamãe vai na casa de vovó, mas volta antes de anoitecer. - Ela se virou para meu irmão - Leve ela pra creche e depois vá para escola. Seja responsável pelo menos uma vez. 
   Eu retirei do meu ursinho um chaveiro com uma estrela pequena e amarela com bijuterias no barbante que a prendia para que fosse colocada em algum lugar e dei pra ela. Meu irmão suspirou, mas concordou. E aquela foi a última vez que a vi. Quando eu recebi a notícia, não entendi muito bem já que era tão nova, mas no dia seguinte daquele dia eu entendi, pois minha mãe não voltara mais para casa. 
   E EU OLHEI NOVAMENTE PARA A CRIANÇA PERTO DO CARRO. Eu reconheci-a. Ela era eu. Eu quando tinha 5 anos e revivi aquela cena cruel da minha vida. Aquela eu de 5 anos abriu o carro e pegou o chaveiro. Colocou na minha mão e correu para o lado contrário da minha frente. E eu virei para trás para ver até onde ela ia, mas ela virou a curva onde nunca mais a vi.

Autora: Katlyn Neris

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Iniciante no amor

  
   Tão inocente que acredita que o primeiro amor vai ser para a vida toda e ainda não entende que amor não tem uma segunda opção. Enquanto você decide, estão esperando sua resposta. E você não gosta de esperar, mas não sabe deixar de pensar. E você está se gabando por correrem atrás de você, mas não sabe se é amor de verdade. Claro, você nem sabe o que é isso. Tem pessoas a sua volta que estão lhe querendo provar que amor é uma coisa incrível e perfeita, mas ainda não sabe o quão a dor é grande. Um dia você vai saber e nunca mais vai esquecer das palavras que te disse.
    - Se ela te amasse teria faltado o encontro? Se ela te amasse estaria se aproximando dos garotos para conseguir conquista? Se ela te amasse te diria isso apenas quando não se vêem e nem com a própria voz? Se ela te amasse ela fugiria de você? - Eu tentei te avisar de todas as maneiras de que tinha outras melhores para você.
   E você foi até o teto da sua casa e tentou se jogar de lá achando que ninguém sentiria sua falta, mas uma delas ia sentir. Isso quer dizer que uma ama você de verdade e é o que você quer: Alguém que você ame e te ame correspondidamente. - Mas antes, você precisa entender que não é só porque alguém diz que falta você na vida dela, quer dizer que é verdade. Não mesmo. 
   Não demore muito. Quem demora acabar perdendo a oportunidade de ser feliz. Seja livre, a vida é sua e não deve depender de nenhuma outra. Primeiramente, se ame e depois pense em amar alguém. Mas eu sei que você não consegue. Pensa, gela, coração acelera. Sei como é, também já passei por isso, mas estou te alertando para não sofrer como eu que não tinha ninguém para me alertar e era tão nova pra entender isso.
   E você desiste quando está as três na jogada, pois já não sabe mais jogar. E quando tudo está melhorando pra você, você pega a nova peça e estraga tudo, tendo que voltar ao começo. Não se desespere, logo logo você volta para a casa que estava.

Autora: Katlyn Neris

Seguir enfrentando o passado


Alguns caminhos estavam interrompendo 
Levavam-me ao passado. 
Oh, passado complicado. 
Experimentar o amor na maior inocência 
E todos já sabem como essa história termina.

Mas não vivo disso, 
Porque eu aprendi a colocar armadilhas 
Todas conseguiram te atingir
Talvez seja um dom que eu tenha. 
E mesmo que eu lembre de que um dia você me iludiu, 
Me magoou, eu estou sorrindo 
Aproveitando o momento. 

Seguindo e enfrentando o passado, 
Qual o problema? 
Tem pessoas a meu lado
E eu digo que não há mal em seguir em frente
Já que eu tenho a mim mesma.

E meu coração está longe de você
Por que eu já tenho alguém para preencher
E todas as cores não são pretas
As cores voltaram ao fim do arco-íris
E estou correndo pelas ruas
Para dizer, de todo meu coração,
Sigo e enfrento o passado
Com todas as minhas forças.

Autora: Katlyn Neris

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Peace In My Heart

    Enquanto estou aqui tentando descobrir o seu real sentido, você está se divertindo com a minha cara. Acredito que está dizendo para outros que não se importa, mas meus amigos e os seus sabem que você me liga para reclamar das mensagens que não chegam no seu celular. Eu estou precisando de um pouco de sinceridade nessa porção chamada de vida, mas como me expressar? Sua diferença de mim é muito grande, mas tem aquele ditado de que os opostos se atraem e você acredita?
   Meus amigos já não acham-me o mesmo e nem muito menos os seus. Já me alertaram tanto sobre você, mas você sempre vem com aquela história de confiar em você e eu tento acreditar em você, mas não é só você que gira em torno do mundo. Eu estou vivendo entre as mentiras e as verdades da minha vida e não sei qual caminho seguir se não sei quem está contra ou a favor de mim. Meu coração está forte, mas eu não posso deixar que isso atrapalhe meus amigos. Sim, você está deixando minha cabeça mais que confusa. E eu lhe pedi pra parar, mas você criou outro plano.
   - Confie em mim. - Ela sempre dizia.
   - Se for pra ser assim, eu não quero. 
   E ela tinha algo que me puxava a ela, mas eu não podia discordar da maioria. Eu estava apavorado naquela estrada escura com apenas duas árvores em cada caminho e você estava diante um daqueles caminho que não consegui destingir. 
   Eu me pergunto porque você acha que é mentira e você rir. Por favor, entenda-me. Não é porque eu sou de um jeito com meus amigos, não quer dizer que serei com você. Dei-me um jeito de provar que é verdade. Me conheça mais. Pare de fingir não olhar para mim. Deixe de querer me fazer ciúmes. Não crie falsidades de você. Não troque suas amizades por querer ser alguém que não é.
   Cadê você agora? Seu jeito está tão diferente. Você ainda é a mesma? Eu estou precisando de um pouco de paz no meu coração, me ajude. Pare um pouco de complicar nossa situação, você está tão incrível e perfeitamente em mim? Ou quer fazer o que todos dizem, me iludir? Eu não queria ficar nessa situação da sua vida que você gosta e desgosta no outro dia. Pare com suas bipolaridades e decida a sua vida, por que não é sempre que você vai ter amigos ao seu lado para dizer o que fazer e o que seguir. Sim, eu sei que você pergunta para eles tudo, já que não se decide só. - Ah, vamos acabar com isso, vamos trazer a paz pra nossos corações.

Dedicado a Hugo Machado.
Autora: Katlyn Neris

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

E se eu morrer jovem?


   Querido, olhe o tempo. O tempo está passando e eu vejo que esse nosso amor só aumenta, mas e se não der mais para aumentar? E se suas séries favoritas virarem realidade mostrando assim a morte de cada um nessa terra? Eu sei que você consegue amar muito mais do que eu, sei que consegue me fazer feliz e não é por falta de opção. Com certeza o problema sou eu, não tente dizer que não. Mas dei-me uma nova chance de mostrar que esse amor é muito maior do que antes. 
   E se eu morrer jovem? O que dirá para seus futuros filhos? Um dia perdera alguém que amou muito e não pode nem lembra-la dela como um último beijo. Como vai falar de que me amou por anos com todo o coração mesmo que partido? Acho que não terá mais forças depois de ver-me em uma cama de rosas arrodeadas de pérolas preciosas e ao mesmo tempo pedaços de construções velha. Se eu morrer amanhã, você não terá como acreditar. Perdera alguém que olha de uma maneira tão brilhante. Sim, eu sei que você me ama e eu também te amo, o que falta? Além de que temos tudo que compõe um amor. E eu olho as cores no céu, pensando que um dia ficaremos juntos novamente. 
    Eu nunca conheci esse amor de um homem de verdade. Você me mostrou que pode ser mais do que eu pensei. Porque tem muita gente querendo um homem tão cheio de amor como você, mas você está preso em mim, você me diz. Porque não se entrega e deixa eu cuidar de seus lindos olhos? Não esqueça que amanhã eu posso está morta. Se eu morrer jovem? Lembre que tem alguém aqui que te ama muito e se arrependimento matasse, ela já estaria morta. Recolha suas lágrimas, coloque em um pote e jogue para longe. Olhe ao lado, eu estou ao seu lado com a cabeça no seu ombro e te abraçando com muito medo. Claro, abraçar algo tão cheio de amor é perigoso! E se eu derrubar? E se eu quebrar? Não, não posso deixar que isso aconteça, tenho que aprender a ser mais responsável. 
   Tem uma faca presa no meu peito e isso é doloroso, é vagaroso. E tudo está escorrendo pelos olhos, querido. Se eu estiver morrendo por falta de você? Eu só preciso que você me ajude a tira-la de mim, eu sei que você consegue. Você é capaz de me fazer feliz, eu sei. Nunca tive tanta confiança a ponto de deixar-lo com essa faca para atingi-me a mim de novo em plena transformação de zombie. E o que você irá fazer agora? O que está esperando? Lembre-se de que eu posso morrer jovem e você não terá histórias para contar. Mas você pode começar agora e ter histórias bonitas sobre nós dois.

Autora: Katlyn Neris

domingo, 14 de outubro de 2012

Da noite pro dia.

   Eu estava andando sobre a areia da praia durante a noite, era 8:00 da noite. A praia ainda tinha algumas pessoas, mas eu me sentia só. Andava, com frio, abraçando meu casaco no corpo, e meu pensamento estava como a brisa de hoje, super rápida. Sentei em um lugar qualquer, poucos quilômetros de uma pequena lanchonete daquelas que pareciam uma oca de índio. Fiquei olhando para o mar. A água ia e voltava, mil vezes. Eu pensava em como tudo se foi como as águas do mar se iam, mas ao mesmo tempo pensava que tudo poderia voltar com melhoras ou pioras como as águas do mar que vinham. 
   Todos esses dias eu morri por falta de você ao meu lado e não entendia o motivo de que um dia tudo isso acabou. Sim, eu me iludi. E acho que agora você tem medo que tudo isso acabe novamente. Mas, cá entre nós, esse amor está maior. Porque eu acordei no meio da praia sentindo a água sobre mim. A água morna da manhã me fazia sentir nas nuvens. Levantei-me com a roupa molhada e olhei em volta. Era a manhã mais solitária de toda a história, pois ninguém havia ali. Meu coração batia depressa e me fazia lembrar da noite passada. Eu ainda pensava em você. 
   Poderia está te amando com medo de cair novamente, mas não. Eu nunca confiei tanto em alguém ao ponto de não sentir ciúmes. Talvez porque você nunca quis fazer isso. Parece que todas as minhas dúvidas de repente foram embora. Espera, eu tinha dúvidas contra você? Não sei, mas se tinha, não há mais nenhuma delas por aqui. Espera de novo! Quem ser essa pessoa do meu lado? Tinha uma personalidade tão igual a mim, porém fisicamente, claro, era diferente. Mas era você! Você está tão diferente. Diferente do jeito que eu sempre sonhei. Nunca tinha te visto tão encantador e tão perfeito. E o que mais me atingia, era que você também me amava e seus olhos mostraram isso. Foi diante de seus olhos que eu percebi que não precisava-se o termo "namorar" para duas pessoas se amarem tanto quanto a gente se ama. 
   Você segurou a minha mão e me levou a correr pela praia numa manhã doce de sol calmo. Foi maravilhoso, nunca havia passado por uma sensação tão linda quanto essa. Sim, você fez meu dia ser perfeito.

Autora: Katlyn Neris

The Last Kiss

   Algo ecoava em sua cabeça. Talvez tenha sido um sinal de que tudo iria acabar a partir daquele dia e aquele seria o último beijo. Estava normal, como sempre ficava com o passar do tempo, porém estava enganando a si mesma. Continha pra si "É o jeito dele, confie" - Ela esqueceu que quem confia demais acaba perdendo mais um pra confiar. 
   E foi naquela hora que ela acreditou que ainda seria um beijo de tantos outros. Mas acontece que seus pensamentos não se ligavam ao beijo. Ela sempre ficava pensando em como amava-o, mas dessa vez se surpreendeu. Pensou em outra pessoa, alguém que já passara pelo sua vida e que ela não conseguiu esquecer. Ela sorriu falsamente e não se conteve com os pensamentos. Agiu normalmente já que não gostava de demonstrar certos sentimentos. Mas aquilo ecoou muito depois que acabaram. - Aquele último beijo foi um sinal. - Pensava. 
   - Bom, e como foi seu dia? - Ela perguntou beijando o rosto dele. Mas ele não olhou pra ela, estava ocupado mexendo no celular.
   - Foi bom. E o seu?
    Ela não sentiu vontade de responder, mas forçou a resposta para não demonstrar um falso sentimento. E depois disso ela se questionou se estava mesmo gostando dele. Chegou a conclusão que não. Ainda sentira algo por quem ela pensou e daria tudo para falar com ele novamente. Mas ela tinha medo. Ela tinha medo de ser falsa. Medo de não conseguir. Medo d'ele ser orgulhoso como ela. - E quando tudo, com o do último beijo, acabou ela não sabia se ficava triste ou aliviada. Talvez um pouco dos dois, porém mais aliviada.
   E ela se esqueceu que ele não era orgulhoso. Aceitou-a de volta com todas as forças e demonstrando toda a confiança. Parecia ama-la ainda mais. Acreditou que talvez fosse isso que pertencera a ela. Mas tinha medo de está se enganando de novo. - Não, não estou me enganando. Ele nunca fez nada pra me magoar, nada... - Ela tinha medo de errar de novo, mas seu coração não deixava espaço para o orgulho. Será que estava amando pela primeira vez? Com o tempo ela iria descobrir.

Autora: Katlyn Neris

Furando o Céu.


O céu estava coberto
As nuvens eram algodões
O vento era suave
Mas tinha algo estranho

Havia algo ocupando a paisagem
Um enorme prédio
O que estava fazendo ali?
Mas era muito alto

Estava furando o céu
E não dava para ver o fim
Alto como seu orgulho
Lembrei.

E eu olhei as rosas no chão em volta
Não era como antes
É, tudo muda.

Mas eu ainda não entendia
Por que furando o céu?

Autora: Katlyn Neris

sábado, 13 de outubro de 2012

Incerteza cobrida pela Certeza

   A cama ainda está desarrumada e eu sento nela, parece que eu estou sentada em uma pedra. Não de dura que ela é, mas por não ter mais nenhum sentimento. As paredes parecem que são ilusões de óticas e o chão parece um rink de gelo, porém, no caso, eu estaria descalça. Eu estava quente, mas a temperatura ambiente estava 10º C. Talvez eu estivesse doente. As palavras estavam tão engasgadas na minha boca que me faziam desviar os olhos.
   - Por que queres da minha vida saber? - Disse
   - Você ainda faz da minha vida parte, esqueceu? - Olhei um pouco ao meu redor - Não lembra da mensagem depois que tudo acabou?
   - Lembro. Mas agora não existe o nós, existe apenas o eu e o você. Por isso, deixe de querer cuidar de mim, cuide de você.
   Eu ainda lembro das palavras na ponta na língua e poderia repetir para um auditório. Eu desejava que aquela confusão não acontecesse comigo, mas não depende só de mim. Você não se importava, porque se importa agora? Agora acredito em "Só dão valor quando perde". Eu não queria ter que escolher, mas você me fez pensar que eu deveria. A segunda opção! Sim, se eu gostasse da primeira não teria uma segunda opção. 
    Havia dado um passo pra trás e não percebi. Eu não queria esperar tanto enquanto havia tantas diferentes. Estava quase sendo igual, mas meu amor não estava sendo um certo. Esperar, esperar, esperar. Quanto tempo demora o esperar? Você era realmente um problema, mas eu tentei concertar. E não consegui. Sinceramente, será que tem concerto?
   Não choraras, porque não tem motivos. Você que escolheu e eu só fui tentar colocar meus passos pra frente. Não é se xingando que vai conseguir ter-me de volta. Nem sei se gosto como antes. Você estava longe e as palavras "sim" e "não" tomavam conta de você. O pior era sua certeza dos fatos que eram para ser apenas incertezas. Por que essa mania de dar as coisas concreta sem ter certeza? Ouvi sussurros das ruas, das paredes ao meu redor, e nada que me fizesse continuar a acreditar que era um amor para a vida toda.

Autora: Katlyn Neris

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Vermelho Ardente!

A vida está cheias de ecos da mesma frase.
O passado estava sendo trago pelo vento
como as folhas em segundo dia de outono.
Por que do nada isso resolveu voltar?
Será que o passado só meu deu um tempo
para começar a crer que eu estava errada
e eu precisava de você?

Não havia como deixar de te amar, percebi.
Acho que será para a vida toda
apesar de já me provarem o contrário.
Deus une e ninguém separa.

E eu ainda não acredito como eu te deixei ir
Foi como deixar vagalumes no meu quarto
Por que começou a brilhar tanto na minha vida?
Você nunca iria sumir, mas não acreditei.
E fiquei com medo de me arrepender.

E te amar foi como vermelho ardente
Não havia nenhum cinza que acabasse
E nenhum azul que me deixasse triste
E o verde aparecia na esperança
Juntamente com o amarelo do sol.

Eu percebi que meu coração ainda batia
Por que deixar de te amar?
Se te amar é um vermelho ardente,
Com todas as paixões juntas.
Como continuar apaixonado por uma garota
Que um dia te magoou?
Sim, seu amor é um vermelho ardente.

Autora: Katlyn Neris

O ladrão de pássaros (parte 8)


   Seus olhos pareciam diamantes Wittelsbach* e me deixaram completamente sem reação. Mas eu tinha que falar algo! Quer dizer, eu sempre falava algo. Apenas concordei e me senti uma idiota. 
   Parecia a cena de um filme onde no final tudo iria dar certo, mas aquilo não estava me convencendo. Ele não conseguiu fazer com que as palavras dele fizessem sentido na minha cabeça, era semelhante demais a antes. E eu não queria voltar ao passado para no final está do mesmo jeito que antes.
   - Me leva pra casa. - Levantei.
   - Não quer ver o sol nascer?
   - Já tá bom. Não vou ficar aqui até o sol se pôr de novo.
   Ele se levantou e andou a leste. Segui-o com o coração apertado, porém achei melhor não dizer nada.
   Não parecia tão longe depois, chegamos logo. Olhei o portão a frente e logo percebi que não havia ninguém em casa. Olhei para Logan e ele fez um gesto com a mão como quem dizia "está entregue" e depois se virou para ir embora.
   - Pra onde vai? - Perguntei.
   - Qualquer lugar.
   - Então me espera?
   - Quê?
   - Me espera. - Corri para dentro de casa.
   Como eu tinha previsto: Ninguém em casa. Talvez estivessem me procurando, sei lá se eu fazia falta. Peguei minha mochila e coloquei diversas roupas ali, não esquecendo de meu vestido de seda favorito. Olhei o quadro na parede, toda a família ali, mas eu estava disposta a seguir o meu sonho. - Sorri e voltei lá fora. Lá estava ele, sentindo-se uma nova pessoa quando me viu com mochila nas costas e eu me sentia uma gótica que andava como um filme de câmera lenta que deixa seus cabelos super bonitos quando anda a cada centímetro. Eu sabia que um sonho poderia está acima de qualquer coisa. Sim, eu estava disposta a dar mais uma chance.
   - Vai me surpreender?
   - Sim, vou te surpreender.
   - Vai ser meu melhor amigo como nunca foi?
   - Sim, vou ser.
   - Vai me fazer sentir única?
   - Sim, sempre única.
   - E se suas promessas forem como vento?
   - Eu deixo de acreditar nos meus sonhos. - Sorrimos.
   Eu sabia que ele não desistira tão fácil, conhecia muito bem. Pelo que olhava pra ele, ele não havia mudado nada. Apesar de parecer um pouco psicopata, não era assim por dentro. Ele era um garoto que acreditava no "Era Uma Vez" e era daquilo que eu estava precisando agora. - Segurei em sua mão e sussurrei pra mim mesma que eu iria conseguir apesar de ser medrosa - Ele beijou meu rosto e correu segurando a minha mão ainda. Eu conhecia aquela direção. Estávamos indo para nosso lugar. Sim, sempre tivemos um lugar.
   - Vou primeiro te fazer lembrar do passado para que ele não se repita.

*Wittelsbach - Diamante azul.
Autora: Katlyn Neris

domingo, 7 de outubro de 2012

O ladrão de pássaros (parte 7)



   O grito era meu! Eu havia caído num buraco ali. Sinceramente eu não pude acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Encostrei na parede do estreito buraco fundo e não me aguentei, tive que chorar ali. Eu imaginei que nunca alguém ia me achar. Mal tinha o barulho de animais, imagina de pessoas. Mas o pior é que tinha uma pessoa me seguindo, só não pude identificar o rosto e isso estava me deixando muito nervosa. Só que a partir do momento que cai naquele buraco, não pude mais ouvir passos. Não sei se era porque o buraco era fundo demais ou porque despistei-o, mas acho que não o despistei já que vi-o poucos segundos antes de cair no buraco.
   - Boa, garota corajosa! - Ouvi uma voz lá de cima.
   - Quem está ai? 
   Quando eu vi, não pude acreditar! Era Logan! 
   - Eu sabia que não iria achar o caminho de volta. Tive que te seguir.
   - Por que veio atrás? Por que não deixou eu me perder pra ninguém nunca mais me achar?
   - Porque eu não sou doido! - Ele rio enquanto jogava uma corda pra mim sair dali.
   Segurei a corda e com muuuuuuita dificuldade eu sai dali. Sentei em cima de um monte de folhas pelo chão   e tentei agradecer, mas nem isso eu estava com vontade. Só queria voltar pra casa.
   - Não vai agradecer? - Ele ainda sorria.
   - Me leva pra casa, por favor.
   Ele se levantou e esticou a mão para que eu me apoiasse nele para levantar. E assim fiz. Ele me abraçou e andou em direção ao sul dizendo em meu ouvido: "você está com frio?" Eu tive que concordar. Meu frio não deixou tirar seus braços de mim.
   O caminho era longo, eu realmente não iria saber voltar para casa sozinha. Nem muito menos sair daquele buraco. Enquanto andava, eu pensava em algumas coisas do passado e não me aguentei calada.
   - Você não me respondeu qual o seu sonho. - Olhei para aquele rosto tão perfeito que logo se virou pra mim.
   - Nenhum... - ele pausou - Na verdade, eu tinha um antes de meu pai morrer. - Ele olhou pro chão.
   - Qual?
   - Eu queria casar com uma aliança de "Fini Tubes"* - Ele falou entre risos e eu ri junto.
   - Queria? - Sorria.
   - Sim, queria - Ele continuou rindo - Quem iria casar com uma aliança de açúcar?
   Abracei-o e continuei andando. Acho que ele se surpreendeu por eu ter abraçado-o, já que eu sempre fui tão ignorante depois de tudo que aconteceu, 16 de março. Mas eu acho que estávamos esquecendo o passado e voltando a ser amigos como antes. Já me disseram uma vez que passado é melhor deixar no passado, mas eu acho que não. Se faz bem, qual o problema de voltar ao passado? - Estávamos quase saindo da floresta e o sol estava nascendo.
   - Ei, espera, vamos ver o sol - Parei quase derrubando-o.
   - Você não quer ir pra casa?
   - Eu nunca vi o sol nascer, por favor! Eu sei que você é um ladrão de sonhos, mas, por favor!
   Ele me olhou com um rosto triste. Tenho certeza que foi porque chamei-o de ladrão de sonhos. Mas foi o que ele havia me dito quando roubou os pássaros de mim, o que eu podia fazer? - Ele segurou minha mão e correu me puxando até o fim da floresta do lado do sol que dava em um penhasco enorme. Sim, aquela era a floresta mais alta da cidade. Sentamos no penhasco com os pés soltos e olhávamos o sol nascer. Era lindo! Deitei minha cabeça no ombro do Logan e ele disse:
   - Eu queria te dar o sol - Seu sorriso não podia ser mais bonito.
   - Por quê?
   - Pra você lembrar de mim todos os dias.
   - E quem disse que não lembro?
   - Você - Ele riu - Disse que não sentia mais nada.
   - Enganei a mim e a você - Sorri diante uma piscada longa.
   Ele olhou tão profundo nos meus olhos que nem consegui tirar meus olhos dele. Ele se aproximou botando uma parte do meu cabelo de trás da orelha e falando um pouco baixo:
   - Eu era feliz com você, mas não percebi isso. Deveria ter pensado em te perder antes de deixa-la ir.

*Fini Tubes - Goma em forma de tubos com diversos sabores.

Autora: Katlyn Neris

sábado, 6 de outubro de 2012

Quando a gente gosta é claro que a gente cuida!

   Tão pequeno e tão solitário. Mas ao mesmo tempo tão brincalhão e manhoso. Sempre deitando no meu colo e fechando os olhos, mas qualquer mexido fica com medo. Eita, menino medroso, parece alguém que conheço. Você parece meu irmãozinho mais novo. Tem horas que a gente briga e quer ficar longe um do outro, mas tem horas que queremos carinho. Todos precisamos de carinho às vezes. - Mas eu gosto das tuas manhas de ficar agarrado no meu pé. Tenho que aguentar suas fases.
   Ô bolinha de pelos, sinto bem de poder estar cuidando de você, pelo menos até você ficar mais fortinho e crescido. Eu imagino como é está no seu lugar, sem alguém que possa te dar carinho e amor. E é por isso que estou com você, porque quero te dar todo carinho e amor que não quiseram dar.
   Se ajeita pra cá, se ajeita pra lá. Todas as pessoas que tem coração iam querer uma fofura dessa que nem você. Acho que a gente deu certo desde o primeiro dia! Naquele 4 de outubro, que eu te encontrei tão sozinho, com tanta fome e sede, com tanto frio... Agora se apegamos um ao outro. Lembro que você correu pros meus pés e não queria ir embora e senti que iria chorar por ter te deixado ir, senti-me uma sem coração. Mas você voltou, você não saiu da porta. Isso prova que você sabe amar. Tão pequeno e já sabe amar! 
   Agora eu acredito que animais tem mais amor do que bastante humanos por ai. Enquanto tem pessoas que estão traindo ou iludindo, tem animais que estão com tanto amor pra dar. Como conseguem maltratá-los? Depois pergunta-se porque não tem um amor pra vida toda. Amor não é só de humano. Animais também são vivos, também tem sentimentos.


Para meu gatinho, Miow.
Autora: Katlyn Neris

O ladrão de pássaros (parte 6)


   Ele ficou tão paralisado com a pergunta que acho que dava pra escutar o coração dele bater. Ele respirou fundo e talvez quisesse chorar, mas eu não queria vê-lo chorar.
   - Não chora... - Minha voz ainda estava suave demais.
   - Não to chorando! Leva esses pássaros embora! 
   Ele estava um pouco ignorante. 
   Levantei-me e peguei as gaiolas. Quase não segurava todas. Olhei pra ele encostado na parede, ele estava tão... Pálido. Sorri pra ele como forma de agradecimento, mas ele nem se quer quis olhar pra mim. Ele chorava, mas não quis demonstrar. Cobriu o rosto com o capuz do casaco. - Fui até o fim da rua, para o lado de fora, e olhei ao redor. Não sabia mais onde e como voltaria para casa. Vi um homem passar por ali e perguntei onde ficava a minha rua. Ele apontou para norte e assim fiz: Fui para o norte. Sem nem olhar direito pra trás, mas deu pra perceber que ele estava me olhando ir. 
   Andava e suspirava, andava e suspirava... Mas era um suspiro alto. Eu pensava no que havia acontecido a uns minutos atrás. Estava com medo ainda. - Será que eu fiz o certo em pegar os pássaros e liberta-los? - Pensava comigo mesma. Passei alguns minutos andando e não acreditava que havia corrido isso tudo atrás do "ladrão de pássaros". Foi ai que eu percebi que estava indo para o lugar errado. Como eu percebi? Floresta no meio da cidade... O pior é que eu já estava bem no meio, não sabia nem mais como voltar. Tentei seguir o caminho para trás, mas não deu muito certo, eu estava rodando em círculos.
   Sentei-me perto de uma árvore e soltei os pássaros. Já estava ficando de manhã e eu olhava os pássaros ao meu redor. Parecia que eles estavam com pena de mim, pois não voaram.
   - É, pequenos, vocês alegram meu dia mesmo que eu não teja motivos para sorrir.
   Eles piavam alto, talvez estivessem com fome. O pior é que eu não podia fazer nada, também estava com fome, sono, frio... - Fiquei encostada na parede e olhava o sol nascer. Era lindo! Eu estava encantada com aquilo, nunca vi o sol nascer. Os pássaros não paravam de piar, isso estava de dando uma grande dor de cabeça. Foi ai que ouvi ruídos. Não, não eram os pássaros. Alguém estava ali. Olhava para todos os lados e não vi nada. Tentei uma solução: Correr. Enquanto corria, os pássaros me seguiam, parecia que eu era uma ladra ou coisa do tipo.
    Não sabia pra onde estava indo, os ruídos aumentavam cada vez mais e senti que alguém me observava. Os passos me seguiam e minhas mãos estavam geladas, além de que estava muito frio ali. Tentei parar, mas não podia. Corria sem olhar pra trás e isso me deixava mais preocupada. Foi quando resolvi olhar para trás e só pude ouviu um grito, um alto grito, um grito de medo, um grito de socorro.

Autora: Katlyn Neris

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O ladrão de pássaros (parte 5)

   Aqueles olhos novamente me paralisaram. E me fez abaixar a cabeça e passar os dedos sobre meus lábios. Olhei pra ele, um pouco assustada. Parei um pouco pra lembrar de como sentira falta disso. Mas dessa vez ele se superou, seu beijo nunca fora tão perfeito como agora. Não sei se era aquela "cegueira de amor" novamente, algo me dizia que não. No caso, também, não seria cegueira. Se fosse, seria sentido. Sentido de amor, estranho não? - Quem seria tão idiota ao ponto de se enganar no que sente? EU! Ninguém é mais idiota do que eu.
   - Você não podia... - Falei com uma voz tão calma que nem parecia ser a minha.
   - Por quê? - Ele falava baixo e aquela voz dele me fez ter pena - Tem outra pessoa?
   - Não é isso... 
   - E o que é? - Ficamos um pouco em silêncio.
   - Eu tenho que ir. - Olhei para fora da rua.
   Ele se afastou de mim de jeito inexplicável, do mesmo jeito que se encolheu a uns minutos atrás. E isso me preocupou um pouco. Fiquei no meu canto, querendo não olhar pra ele e esperava que ele fosse falar algo, mas ele não falou! Parecia está com medo de mim. Parecia que eu era um monstro. Quando na verdade, era mais possível ele ser comparado a um monstro. 
   Alguns minutos se passaram e ainda estávamos ali, sentados. Ele era o único que olhava pra mim e isso me deixava tão nervosa. Eu estava me deixando levar por ele ser tão perfeito. Pra mim.
  - Você não sente mais nada? - Essa pergunta me indignou de uma maneira tão absurda que eu não consegui fazê-la entrar por um ouvido e sair pelo outro.
   - Sentia. - Tentei ser fria, mas não consegui. Minha voz estava diferente demais. E ele sabia que eu não estava falando a verdade.
   Levantei-me do chão e tentei ir a direção dos pássaros, mas ele me segurou pelo braço.
   - Aonde você vai?
   - Libertar os pássaros.
   - Não pode fazer isso. - Por que sua voz tinha que ser tão calma? - Por favor, é um desejo do meu pai.
   - É o desejo da humanidade. - Pausei - Os pássaros voando por ai. No meu caso, alegra meu dia.
   Ele abaixou a cabeça e se sentou no mesmo lugar de antes. Tratei isso como um sinal de liberdade e até me senti mais solta. Olhei a rua escura, era assustadora demais para eu ir até lá, mas os pássaros ainda faziam um alto barulho. Acho que ele me soltou porque sabia que eu não teria coragem de ir a'quela rua escura. Olhei pra ele e ele pra mim, mas ele fazia um desvio, olhando pra mim e pro chão, pra mim e pro chão...
   Sentei ao lado dele e abracei os joelhos, abaixei a cabeça e botei-a sobre os joelhos. Não estava chorando, mas pensava no que iria fazer. Levantei a cabeça rapidamente e - Minha cabeça estava bagunçada - Eu pensava nele, pensava nos pássaros e não sabia se decidir o que fazer. Eu era do tipo muito medrosa e confusa. 
   Ele se levantou, de repente, e sumiu diante a rua escura. Só depois de, talvez, 1 minuto, ele voltou com as gaiolas de pássaros e jogou-as, de pouca distancia do chão a suas mãos, pra perto de mim. Levantei a única gaiola que havia caído e olhei pra ele com olhos sinceros.
   - Eu queria poder realizar o sonho do seu pai com você, mas... - pausei - Esse é o seu sonho?

Autora: Katlyn Neris

Cadê a garotinha forte que eu conheço?


    Ela estava agarrada com um urso de pelúcia e não sabia o que fazer. Sua mente estava mais confusa do que já tinha ficado. Como pôde isso ocorrer com ela? Acho que era a hora de'la parar de criticar e sentir na pele também o ar da confusão. Mas não era uma confusão como outras. Um dia ela teria pedido para Deus - "Sei que ainda pode demorar a vim pessoas na minha vida, mas faça com que isso não demore meu Deus. Quero muito poder ser amada de uma maneira verdadeira, fiel, novamente" - E Deus talvez tenha lhe ouvido! Ele sempre ouve! É incrível.
   Ela chorou 4 lágrimas - sim, ela contou - depois que viu seu passado em sua frente. E pretendia chorar mais com tanta ignorância do seu lado e pressão. Mas ela estava levando isso com paciência (não sei como). Talvez porque sua cabeça estivesse começando a doer e ela não queria piorar isso. Também era 00:46 da madrugada! Que barulho podia ela fazer? 
   Não se sabia se aquilo era uma mistura de sentimentos. Sentia medo misturado com tantas outras coisas que não pôde identificar. Doía. Mas o que não dói? Um dia isso passa e você só tem a de rir, nem lembra mais da dor e por isso ela tratava essas coisas com tanta paciência. - Foram dias demais a se passar e ela não queria se voltar como A Falsa da história, até porque era conhecida como A Sincera. Cresceu mais e percebeu que sua imaturidade não estava deixando-a viver. Ela talvez tenha amadurecido mais para isso, agora, mas estava com medo. Esse medo sempre perseguia-a. Sim, ela é muito medrosa. E todos ao seu redor perguntam: "Cadê a garotinha forte que eu conheço?" E ela responde entre lágrimas: "Ela não existe quando o assunto é amor". Porque ela pode escrever tudo sobre o que ela pensa do amor, mas não sabe ainda o real significado. Ô garota sábia, não sabes o amor o que é? Ela ainda não juntou tudo do quebra-cabeça, mas pretende terminar o mais depressa possível, nem que seja apenas com um amor.

Autora: Katlyn Neris

domingo, 30 de setembro de 2012

O ladrão de pássaros (parte 4)


   Ele ficou paralisado olhando pra mim ainda e eu fiquei com a garganta presa, sem conseguir falar nada. Quando finalmente consegui fazer minha garganta funcionar de novo, tive vontade de chorar, mas segurei-me para não demonstrar o que sentia. Ele foi se encolhendo devagar pra trás como se estivesse com medo de mim e eu ia juntando pra perto dele, acompanhando-o. Queria que ele percebesse que eu ainda era a mesma que um dia ele tivera conhecido.
   - O amor é quebrar, é queimar, é acabar. Não é? - Pausei apertando os lábios com uma das mãos e desviando os olhos - Eu lembrei. - Sussurrei. 
   - Eu não queria... Eu não achei... Que ia ser assim. - Ele estava assustado.
   - Você não é o seu pai, pequeno.
   Chamei ele do apelido que chamava ele, anos atrás, e acho que ele ficou mais sentido. Era sua vez de ficar com vontade de chorar, mas ele não iria chorar, principalmente na minha frente. 
   Ele se encolheu mais ainda e eu fiquei me perguntando se eu havia virado um monstro pra ele está desse jeito comigo. Era pra eu ter medo dele já que ele estava virando um psicopata como o pai. Abaixei a cabeça e sentei encostada na parede da esquerda. Fiquei ali pensando enquanto ele estava no canto escuro. Pensei no passado e em como ele não soube diferenciar e criar sua própria vida sem ter os pais como base. 
   Um tempo depois de pensamentos, ele, ainda com medo, sentou vagarosamente ao meu lado, mas não muito perto, talvez uns quatro palmos. Levantei a cabeça fazendo meu cabelo se arrumar e olhei pra ele. Ele se juntou mais de mim e dessa vez parece ter perdido o medo, pois se afastou tanto que deitou sua cabeça no meu ombro e agarrou meu braço. Parecia uma criança de cinco anos ou menos. Deitei minha cabeça na dele e disse:
   - Você nunca me disse o motivo de ter terminado comigo.
   - Eu não podia te fazer feliz como você queria ser.
   - Como você sabe?
   Ele retirou a cabeça do meu ombro lentamente e abaixou-a. 
   - Eu amava muito meu pai, queria realizar o último desejo dele. Só isso.
   - Estou com frio - Fugi do assunto assim como ele. Olhei pros lados para que ele percebesse que mudei de assunto.
   Ele passou o braço sobre meu ombro e se juntou mais a mim. Deitei minha cabeça no ombro dele e fiquei pensando - "Vai começar tudo de novo. Não se deixe levar por gestos carinhosos" - Aquilo me conquistava de uma maneira tão encantadora. 
   - Está tarde, melhor eu ir. - Olhei aqueles olhos azuis novamente.
   - Não vai, por favor. - Ele deu A piscada. Eu reconhecia aquela piscada dos dois olhos.
   Aquele vento novamente tomou conta daquele lugar, mas não foi um vento tão frio. Foi forte, mas numa temperatura normal. Foi um vento gostoso. Vento de praia, eu acho.
   Meu coração estava acelerando um tão pouco e foi sem eu perceber. Quando vi, meus olhos já não estavam mais abertos e minhas mãos já não eram mais minhas. E nem o meu coração. Sim, aquele momento junto ajudou muito nisso tudo. O medo já não tomava conta de nos dois, tinha algo maior. Bem maior.

Autora: Katlyn Neris
Foto editada pela mesma.

sábado, 29 de setembro de 2012

Feliz e não sabia!

   Por que sempre tem alguém me lembrando de você? Indiretamente me perguntam alguma coisa e eu lembro que no passado isso pertencia a mim. - Você já andou de skate? - Eu tento fujir um pouco, mas não consigo. Eu tenho uma coisa de encarar mesmo não querendo. Oh, pequena criança, por que ainda está tomando conta de mim? Acho que já sei a resposta. Você foi único que não me magoou, foi o único que me apoiou em todas as coisas que eu fiz, foi o único que fazia de tudo para não brigar. Por que você foi tão perfeito? 
   Você nunca se importou com minha afinação de voz, eu sempre estava perfeita pra você. Será que você ainda sente a mesma coisa? Eu lembro de quando eu ficava no celular para passar a vergonha e você tentava puxar assunto, mas eu tinha algo maior: A timidez. Você não se importava, gostava de mim desse jeito que eu era. - Também lembro do inicio. As palavras foram tão perfeitas que realmente me encantaram e me fizeram dizer coisas sem sentido, anos depois.
   Eu não sabia. Eu me confundi. Eu realmente de amei com tudo que podia amar, mas não demonstrei tanto assim. Sim, eu me arrependi. Mas quem não se arrepende? Daí eu fico vendo frases do tipo "Você não pode voltar ao passado", querendo poder voltar e arrumar tudo que fiz. Se eu pudesse voltar ao passado tinha feito tão diferente, você nem sabe como. Mas acho que só amadureci o suficiente agora. Mas eu vou te procurar. Mas eu ainda vou achar um jeito de arrumar tudo que eu fiz. Porque é assim que eu sou: Eu não deixo as coisas ficarem pela metade. Mesmo que demore, eu ainda pretendo arrumar.
   Onde você anda? E só queria que a minha coragem fosse maior que minha força de vontade. 
   Eu nunca vi o começo voltar de novo, você sempre estava me fazendo feliz com todos os sorrisos. Você me entendia, eu sei. Tínhamos tantas coisas em comum... Os estranhos? Talvez. Mas eu preferia ser chamada de estranha do que de puta. Pelo menos o nosso amor foi bom. Eu lembro o quão brincalhão você era. Sem brigas, sem discussões. E tudo acabou diante uma confusão de sentimentos porque eu esqueci que palavras bonitas me atraem muito.
   Eu só queria poder voltar consertar tudo. Será que eu teria uma nova chance na sua vida?

Autora: Katlyn Neris

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O ladrão de pássaros (parte 3)


   - Legal essa máscara, não? 
   Eu não acreditava que aquilo era uma máscara! Estava muito bem feita! Parecia seu rosto normal, mas não era. Aquele rosto me parecia familiar e isso aumentou devido a ele ficar me encarando. Ele estava com um arranhão na testa e seus olhos eram tão claros que podia iluminar todo o rosto. Soltou lentamente a minha boca para ter certeza que eu não ia gritar. E não gritei. Meu medo estava passando e meus olhos ainda estavam pregados nos dele.
   - Seus olhos são... Lindos - Estava ofegante ainda e ele pôde perceber.
   Ele se virou e correu. Mas correu para longe. Talvez tenha virado uma das ruas que se encontravam no final da rua esquisita, não sei. Será que tinha uma rua lá atrás? Dei um passo pra frente, mas um vento super forte me fez arrepiar toda e aumentar meu medo que estava indo embora. - "Eu tenho que vencer meus medos" - Disse para mim mesma. Andei devagar e a cada passo, eu parava para ter certeza de que era aquilo que eu iria fazer. No quinto passo, já não podia mais voltar. Eu estava vencendo um medo. Um medo que poderia terminar em tragédia...
   - Espera! - Gritei sem saber se ele estava ouvindo.
   - Suma daqui! - Gritou aparecendo rapidamente na minha frente, como se fosse super poderes. Segurou meu braço com força. 
   - Está me machucando! Solta. - Olhei novamente para aqueles olhos azuis. - Ou melhor, solte os passarinhos.
   - Já te falei quem eu sou?
   - Não, mas eu sei quem você é. - Engoli seco e ele não ficou sem falar nada, apenas me encarando - E sei o que está acontecendo. - Pausei esperando que ele dissesse algo, mas não disse - Por que os pássaros?
   Ele pretendia não falar nada, mas depois dessa minha pergunta, não falei mais nada também. Eu queria uma resposta! Eu precisava de uma resposta!
   - É tarde, vai pra casa - Ele me empurrou enquanto soltava meu braço.
   - Não! Eu quero uma resposta. Eu não vim aqui atoa!
   - Veio sim! - Gritou não muito alto - Você me seguiu até aqui! Seguiu um estranho!
   - Você não é um estranho!
   - Você não me conhecia com a máscara.
   Os argumentos dele me assustavam. Eu vi que ele não iria responder minha pergunta. Achei melhor ir para casa, já estava ficando tarde e as pessoas poderiam sentir minha falta. Virei as costas a ele e andei, saindo daquela rua estranha. 
   - Espere! - Ele chamou-me sem gritar, com uma voz doce, a voz que eu conhecera um dia.
   - Suma daqui... Não foi isso que você disse? - Ele sentou-se no chão de cabeça baixa.
   - Meu pai, antes de morrer, quando estava no hospício, pediu que eu levasse um passarinho pra ele. - Virei pra ele para ouvir a história completa e ele retirou o capuz do casaco da cabeça - E eu tentei, mas não deixaram eu entrar com o passarinho. Deixei o pássaro lá fora e fui ver meu pai. Cheguei lá e disse que não podia entrar com pássaros e sabe o que ele me disse? "Eu só ia te mostrar como é matar um pássaro. Eles não servem pra nada mesmo, além de fazer barulho. Filho, quando eu morrer, já que vou morrer nesse hospício, destrua todos os pássaros pra mim. Ficarei feliz em saber que você fez isso por mim" E esse foi seu último desejo antes de morrer, eu tinha que realizar.
   Um vento forte tomou conta de nós dois e acho que ele ficou com medo, mas eu não. Eu teria de falar algumas pra ele, mas pretendia ir com calma. 
   - Tudo acaba, esqueceu? - Acho que ele entendeu a que eu me referia.

Autora: Katlyn Neris
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