Aqueles olhos novamente me paralisaram. E me fez abaixar a cabeça e passar os dedos sobre meus lábios. Olhei pra ele, um pouco assustada. Parei um pouco pra lembrar de como sentira falta disso. Mas dessa vez ele se superou, seu beijo nunca fora tão perfeito como agora. Não sei se era aquela "cegueira de amor" novamente, algo me dizia que não. No caso, também, não seria cegueira. Se fosse, seria sentido. Sentido de amor, estranho não? - Quem seria tão idiota ao ponto de se enganar no que sente? EU! Ninguém é mais idiota do que eu.
- Você não podia... - Falei com uma voz tão calma que nem parecia ser a minha.
- Por quê? - Ele falava baixo e aquela voz dele me fez ter pena - Tem outra pessoa?
- Não é isso...
- E o que é? - Ficamos um pouco em silêncio.
- Eu tenho que ir. - Olhei para fora da rua.
Ele se afastou de mim de jeito inexplicável, do mesmo jeito que se encolheu a uns minutos atrás. E isso me preocupou um pouco. Fiquei no meu canto, querendo não olhar pra ele e esperava que ele fosse falar algo, mas ele não falou! Parecia está com medo de mim. Parecia que eu era um monstro. Quando na verdade, era mais possível ele ser comparado a um monstro.
Alguns minutos se passaram e ainda estávamos ali, sentados. Ele era o único que olhava pra mim e isso me deixava tão nervosa. Eu estava me deixando levar por ele ser tão perfeito. Pra mim.
- Você não sente mais nada? - Essa pergunta me indignou de uma maneira tão absurda que eu não consegui fazê-la entrar por um ouvido e sair pelo outro.
- Sentia. - Tentei ser fria, mas não consegui. Minha voz estava diferente demais. E ele sabia que eu não estava falando a verdade.
Levantei-me do chão e tentei ir a direção dos pássaros, mas ele me segurou pelo braço.
- Aonde você vai?
- Libertar os pássaros.
- Não pode fazer isso. - Por que sua voz tinha que ser tão calma? - Por favor, é um desejo do meu pai.
- É o desejo da humanidade. - Pausei - Os pássaros voando por ai. No meu caso, alegra meu dia.
Ele abaixou a cabeça e se sentou no mesmo lugar de antes. Tratei isso como um sinal de liberdade e até me senti mais solta. Olhei a rua escura, era assustadora demais para eu ir até lá, mas os pássaros ainda faziam um alto barulho. Acho que ele me soltou porque sabia que eu não teria coragem de ir a'quela rua escura. Olhei pra ele e ele pra mim, mas ele fazia um desvio, olhando pra mim e pro chão, pra mim e pro chão...
Sentei ao lado dele e abracei os joelhos, abaixei a cabeça e botei-a sobre os joelhos. Não estava chorando, mas pensava no que iria fazer. Levantei a cabeça rapidamente e - Minha cabeça estava bagunçada - Eu pensava nele, pensava nos pássaros e não sabia se decidir o que fazer. Eu era do tipo muito medrosa e confusa.
Ele se levantou, de repente, e sumiu diante a rua escura. Só depois de, talvez, 1 minuto, ele voltou com as gaiolas de pássaros e jogou-as, de pouca distancia do chão a suas mãos, pra perto de mim. Levantei a única gaiola que havia caído e olhei pra ele com olhos sinceros.
- Eu queria poder realizar o sonho do seu pai com você, mas... - pausei - Esse é o seu sonho?
Autora: Katlyn Neris
- Eu queria poder realizar o sonho do seu pai com você, mas... - pausei - Esse é o seu sonho?
Autora: Katlyn Neris

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