domingo, 23 de dezembro de 2012

Para sempre da realidade



  Ela estava quieta. Sentada no banco da escola e lendo um livro de capa amarela. Tão concentrada que parecia estar vivendo aquele mundo, mas ela estava realmente vivendo aquele mundo. As pessoas passavam, riam, criticavam, mas ninguém sabia o quão bom era aquela sensação de estar em outro mundo tão mais perfeito e mais emocionante do que o mundo real. Até que alguém resolveu parar e sentar ao seu lado e tirou da mochila um livro de capa escura. Olhou para ela e sorriu. Mas ela não tirou o olho do livro. E quando alguns amigos dele estava passando por ali e ele logo colocou o livro na mochila e saiu.
  Dez minutos se passaram e ela ainda estava ali. Ela iria perder a próxima aula. E perdeu. Leu todo o livro ali, no banco, em duas horas. Foi bem na hora que tocou para o recreio na escola. E as pessoas passavam correndo ou rapidamente por ela, sem olhar para ela como se ela fosse uma indiferente ou uma invisível. Mas acha que ela se importava com isso? Claro que não. Ela deu uma piscada demorada e sussurrou alto de que estava pronta para desistir daquele mundo e seguir o seu mundo.  
   Quando finalmente abriu os olhos, não viu nada além do que já havia visto antes e ficou um pouco decepcionada por não poder criar um mundo num piscar de olhos. Abaixou a cabeça. Um outro garoto sentou ao seu lado, mas dessa vez não tirou nenhum livro da mochila, apenas ficou olhando para ela que tentava criar seu mundo diante várias piscadas. E quem disse que ela olhou pra ele? Não, ela não olhou um segundo se quer. Estava concentrada demais. Ele segurou em seu ombro e ela levantou a cabeça, mas não olhou para frente, olhou para a árvore na frente. E viu cair todas as folhas daquela árvore e deixar tudo branco. E quando finalmente olhou para o garoto, viu um pequeno gnomo. 
   - Você não é um príncipe. - Disse a pequena garota que estava com um traje parecido com o da Branca de Neve. Ela esperava que um príncipe estivesse ao lado dela para fazê-la feliz assim como acabou todos os finais dos contos de princesas.
   - Pois é, eu sou apenas um gnomo. - E ele ainda sorriu o que fez ela estranhar. - Eu fiquei olhando para você enquanto lia seu livro.
   Ela apenas ficou olhando-o estranhamente, como quem queria dizer: "mas aqui é meu mundo de conto de fadas, cadê meu príncipe?", mas ela não era tão arrogante assim.
   - Ei - Disse ele. - Você vive em um conto de fadas, não é?
   - Sim, mas no meu conto de fadas não deveria ter gnomos.
   - Talvez você pense diferente. Talvez seu príncipe não seja um que use coroa ou uma capa vermelha, e que tenha um cavalo branco e que irá te levar para ser feliz para sempre.
   - Está me dizendo que nada é pra sempre, querido gnomo? - Ele rio de como ela o chamou.
   - Estou dizendo que seu conto de fadas não é igual os contos de princesas que tudo tem sempre um final para sempre. Seus contos são aqueles que você tenta descobrir o fim. 
   E ela olhou novamente para a árvore. Sorriu e olhou ao redor. E encontrou o que ela nem sabia que estava procurando: Uma explicação para seus contos insanos. Olhou para o gnomo novamente ainda sorrindo e disse:
   - Então eu te imaginei no meu conto de fadas?
   - Não, estamos na realidade, apenas tentei entrar como um gnomo na sua história. E deu certo.

Autora: Katlyn Neris

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