- Legal essa máscara, não?
Eu não acreditava que aquilo era uma máscara! Estava muito bem feita! Parecia seu rosto normal, mas não era. Aquele rosto me parecia familiar e isso aumentou devido a ele ficar me encarando. Ele estava com um arranhão na testa e seus olhos eram tão claros que podia iluminar todo o rosto. Soltou lentamente a minha boca para ter certeza que eu não ia gritar. E não gritei. Meu medo estava passando e meus olhos ainda estavam pregados nos dele.
- Seus olhos são... Lindos - Estava ofegante ainda e ele pôde perceber.
Ele se virou e correu. Mas correu para longe. Talvez tenha virado uma das ruas que se encontravam no final da rua esquisita, não sei. Será que tinha uma rua lá atrás? Dei um passo pra frente, mas um vento super forte me fez arrepiar toda e aumentar meu medo que estava indo embora. - "Eu tenho que vencer meus medos" - Disse para mim mesma. Andei devagar e a cada passo, eu parava para ter certeza de que era aquilo que eu iria fazer. No quinto passo, já não podia mais voltar. Eu estava vencendo um medo. Um medo que poderia terminar em tragédia...
- Espera! - Gritei sem saber se ele estava ouvindo.
- Suma daqui! - Gritou aparecendo rapidamente na minha frente, como se fosse super poderes. Segurou meu braço com força.
- Está me machucando! Solta. - Olhei novamente para aqueles olhos azuis. - Ou melhor, solte os passarinhos.
- Já te falei quem eu sou?
- Não, mas eu sei quem você é. - Engoli seco e ele não ficou sem falar nada, apenas me encarando - E sei o que está acontecendo. - Pausei esperando que ele dissesse algo, mas não disse - Por que os pássaros?
Ele pretendia não falar nada, mas depois dessa minha pergunta, não falei mais nada também. Eu queria uma resposta! Eu precisava de uma resposta!
- É tarde, vai pra casa - Ele me empurrou enquanto soltava meu braço.
- Não! Eu quero uma resposta. Eu não vim aqui atoa!
- Veio sim! - Gritou não muito alto - Você me seguiu até aqui! Seguiu um estranho!
- Você não é um estranho!
- Você não me conhecia com a máscara.
Os argumentos dele me assustavam. Eu vi que ele não iria responder minha pergunta. Achei melhor ir para casa, já estava ficando tarde e as pessoas poderiam sentir minha falta. Virei as costas a ele e andei, saindo daquela rua estranha.
- Espere! - Ele chamou-me sem gritar, com uma voz doce, a voz que eu conhecera um dia.
- Suma daqui... Não foi isso que você disse? - Ele sentou-se no chão de cabeça baixa.
- Meu pai, antes de morrer, quando estava no hospício, pediu que eu levasse um passarinho pra ele. - Virei pra ele para ouvir a história completa e ele retirou o capuz do casaco da cabeça - E eu tentei, mas não deixaram eu entrar com o passarinho. Deixei o pássaro lá fora e fui ver meu pai. Cheguei lá e disse que não podia entrar com pássaros e sabe o que ele me disse? "Eu só ia te mostrar como é matar um pássaro. Eles não servem pra nada mesmo, além de fazer barulho. Filho, quando eu morrer, já que vou morrer nesse hospício, destrua todos os pássaros pra mim. Ficarei feliz em saber que você fez isso por mim" E esse foi seu último desejo antes de morrer, eu tinha que realizar.
Um vento forte tomou conta de nós dois e acho que ele ficou com medo, mas eu não. Eu teria de falar algumas pra ele, mas pretendia ir com calma.
- Tudo acaba, esqueceu? - Acho que ele entendeu a que eu me referia.
Autora: Katlyn Neris
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