sábado, 6 de outubro de 2012

O ladrão de pássaros (parte 6)


   Ele ficou tão paralisado com a pergunta que acho que dava pra escutar o coração dele bater. Ele respirou fundo e talvez quisesse chorar, mas eu não queria vê-lo chorar.
   - Não chora... - Minha voz ainda estava suave demais.
   - Não to chorando! Leva esses pássaros embora! 
   Ele estava um pouco ignorante. 
   Levantei-me e peguei as gaiolas. Quase não segurava todas. Olhei pra ele encostado na parede, ele estava tão... Pálido. Sorri pra ele como forma de agradecimento, mas ele nem se quer quis olhar pra mim. Ele chorava, mas não quis demonstrar. Cobriu o rosto com o capuz do casaco. - Fui até o fim da rua, para o lado de fora, e olhei ao redor. Não sabia mais onde e como voltaria para casa. Vi um homem passar por ali e perguntei onde ficava a minha rua. Ele apontou para norte e assim fiz: Fui para o norte. Sem nem olhar direito pra trás, mas deu pra perceber que ele estava me olhando ir. 
   Andava e suspirava, andava e suspirava... Mas era um suspiro alto. Eu pensava no que havia acontecido a uns minutos atrás. Estava com medo ainda. - Será que eu fiz o certo em pegar os pássaros e liberta-los? - Pensava comigo mesma. Passei alguns minutos andando e não acreditava que havia corrido isso tudo atrás do "ladrão de pássaros". Foi ai que eu percebi que estava indo para o lugar errado. Como eu percebi? Floresta no meio da cidade... O pior é que eu já estava bem no meio, não sabia nem mais como voltar. Tentei seguir o caminho para trás, mas não deu muito certo, eu estava rodando em círculos.
   Sentei-me perto de uma árvore e soltei os pássaros. Já estava ficando de manhã e eu olhava os pássaros ao meu redor. Parecia que eles estavam com pena de mim, pois não voaram.
   - É, pequenos, vocês alegram meu dia mesmo que eu não teja motivos para sorrir.
   Eles piavam alto, talvez estivessem com fome. O pior é que eu não podia fazer nada, também estava com fome, sono, frio... - Fiquei encostada na parede e olhava o sol nascer. Era lindo! Eu estava encantada com aquilo, nunca vi o sol nascer. Os pássaros não paravam de piar, isso estava de dando uma grande dor de cabeça. Foi ai que ouvi ruídos. Não, não eram os pássaros. Alguém estava ali. Olhava para todos os lados e não vi nada. Tentei uma solução: Correr. Enquanto corria, os pássaros me seguiam, parecia que eu era uma ladra ou coisa do tipo.
    Não sabia pra onde estava indo, os ruídos aumentavam cada vez mais e senti que alguém me observava. Os passos me seguiam e minhas mãos estavam geladas, além de que estava muito frio ali. Tentei parar, mas não podia. Corria sem olhar pra trás e isso me deixava mais preocupada. Foi quando resolvi olhar para trás e só pude ouviu um grito, um alto grito, um grito de medo, um grito de socorro.

Autora: Katlyn Neris

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