segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Happy New Year!

   Era 31 de dezembro, perto da virada do ano, acho que onze e quarenta e cinco da noite, um garoto se encontrava perto do calçadão de uma praia quase vazia. Estranho, em pleno ano novo uma praia está quase vazia, mas estava sim assim como o garoto. Ele havia saído de casa escondido durante uma festa que estava havendo em sua casa, precisava tirar as coisas ruins de dentro de si. Sentou-se no calçadão e ficou olhando para o mar até que uma garota sentou-se ao seu lado e não falou nada. Ele olhou para ela e ela olhou para ele sorrindo. 
   - Venho aqui sempre no ano novo. - Disse a garota
   - A quanto tempo vem aqui? 
   - Muito tempo - Ela fugiu do assunto - Por que estás sozinho?
   - Estou quase vazio por dentro. 
   Ela se levantou e esticou a mão para que ele segurasse. Ele apenas se levantou junto com ela, mas não segurou sua mão. Ela correu rapidamente para a areia da praia e ele foi andando atrás dela. Chegou perto da água da praia e sentou-se. Ele ficou olhando um pouco mais distante.
   - Ei! A praia leva as coisas ruins de você. - Ela gritou e ele foi se aproximando até sentar junto a ela - Me sinto mais relaxada aqui.
   - É muito bom aqui. Eu precisava pensar e parece que está funcionando - Ela o encarava.
   Eles ficaram em um longe silêncio. Foi quando ela o deu um susto pela fala espontânea:
   - Feliz ano novo.
   - Mas ainda não soltou nenhum fogos, como é ano nov... - Ele foi interrompido por um fogo que saiu do outro lado da praia. E ela sorriu pra mim de um jeito meigo. - Como sabia?
   - Já estava perto do ano novo mesmo. - E olhou pra baixo e depois para a água.
   De novo um silêncio longo entre eles e algumas pessoas estavam gritando e comemorando pelo novo ano. Mas eles estavam lá ainda.
   - Não vai embora? - Perguntou ela.
   - Está querendo que eu vá embora?
   - Sim, estou.
   Ele a olhou pela última vez e se levantou.
   - Ei - Gritou ela quando ele estava indo - Que seu ano seja repleto de felicidades.
   - O seu também! - Gritou enquanto voltava até ela. - Quando vamos nos ver de novo?
   Ela riu.
   - Precisa ir agora. - E ele foi embora.
   Quando ele foi embora, ela colocou os pés na água e ficou olhando para a caldeias de montanhas logo depois da praia. Ia ser um novo ano maravilhoso para ele, mas não para ela. Ela havia perdido mais uma oportunidade de todos seus anos e teria de esperar mais de 360 dias para voltar ali e talvez ele nem aparecesse mais ali.

Autora: Katlyn Neris

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Quase 9 anos.


Natal, 25 de dezembro de 2012


   Ei garota,
   Hoje é natal e eu descobri que você não quer mais a minha amizade por perto. Quer dizer, já haviam me dito antes, mas eu preferi acreditar em você e achar que queria ser minha amiga para o resto da vida. Mas, sabe, hoje mais uma pessoa me contou a mesma coisa das outras milhões de pessoas que me contaram o mesmo. E sabe qual foi minha reação? Meu chão caiu. Eu pensei nas outras pessoas que me disseram o mesmo. Mas isso não foi ruim. Pelo contrário, eu percebi que eu tenho que deixar de ser idiota e deixar de acreditar demais nas pessoas.
   Eu não queria ter que jogar quase 9 anos de amizade fora, em pleno natal, mas hoje eu pensei em tudo que você me fez. Foram momentos tão bons que a gente passou juntas, você lembra? Mas nas minhas costas você não falava dos bons momentos, você preferia sair contando coisas que não estavam no meu vocabulário. Cada dia que passava, mais pessoas iam me dizendo a mesma coisa de você, mas eu fui perdoando, até que sempre tem aquela hora que a gente cansa.
   Uma vez me disseram a seguinte frase: "Ela tem um ciúme enorme de você" E eu não podia acreditar nessas palavras. Até porque melhores amigas não tinham ciúmes umas da outra, elas apoiavam uma a outra. Outra pessoa me disse: "Isso é inveja". E isso ficou também na minha cabeça, mas eu levei. Outra me deu o celular e preferiu fazer eu ver com meus próprios olhos do que falar. Aposto que você não sabe a dor que eu senti de ler as coisas que você falava de mim. Doeu. A dor de uma faca entrando dentro de mim e ficando mexendo toda hora. E até olhando o que você disse, eu disse: "Deixa, eu perdoo ela".
   O que você acha dessas coisas que eu escrevi até agora? Forte? Mas isso foi as menores coisas que você fez comigo. E é por isso que eu estou escrevendo essa carta, porque eu quero que você saiba tudo que um dia me fez.
   Você lembra daquela mensagem que eu te mandei no celular, enorme, que eu não queria perder sua amizade? Era sincera. Era uma mensagem sincera. E diante tantas palavras que eu disse, você apenas disse: "Você é minha melhor amiga". Não esperava isso. Mas eu não liguei muito. Eu iria seguir meu caminho mesmo sem nenhuma amiga do meu lado. Aliás, amigas que eu sei que posso confiar eu tenho e sei que não estou sozinha. Além de amigas, tenho muitos amigos. Você foi mais uma que saiu do meu caminho. Mas eu sei o verdadeiro motivo. Você criou novas amigas. Amigas que se parecem com você. Daquelas que gostam de que todos saibam de algo que elas fizeram. Uma vez você disse que era parecida comigo e eu pensei: "Quê?" Enquanto você quer que todos vejam quem você é, eu prefiro ser a invisível estranha que fica no canto da sala esperando alguém falar comigo. Acredite ou não, eu sou assim.
   E eu lembro de quando a gente se conheceu. Viramos amigas e de repente, agora, tudo acabou. Sabe o quanto dói chamar de ex amiga? Saber que uma amiga de quase 9 anos agora é apenas uma ex amiga e uma conhecida? O jeito que você falou foi tão doloroso que eu tenho certeza que pra você 9 anos não vale nada. Ah. claro, te conheço a anos e qualquer defeito que uma pessoa tem, você quer jogar a pessoa fora como se fosse um urso de pelúcia velho. Ei, garota, o mundo não vai nunca girar em torno de você, você também tem defeitos.
   Se eu estou sentindo sua falta? Não. Não estou. Estou feliz demais, tirei um peso de mim.
   Eu poderia passar horas falando as coisas que você fez comigo, mas eu prefiro apenas dizer que acabou e deixar você pensando em tudo o que fez comigo, porque eu tenho certeza que você sabe. Não quero afastar ninguém de você, mas acho que algumas pessoas devem saber sobre o rótulo antes da embalagem ser aberta. Se eu contei algo a alguém que também te magoou, me desculpe. Me desculpe por tudo que eu te fiz. Mas, ei, vou lembrar de você. Pra sempre. Porque o que um dia passou na minha vida, eu nunca mais esqueço.

   De sua ex amiga, Katlyn.

Autora: Katlyn Neris

domingo, 23 de dezembro de 2012

Para sempre da realidade



  Ela estava quieta. Sentada no banco da escola e lendo um livro de capa amarela. Tão concentrada que parecia estar vivendo aquele mundo, mas ela estava realmente vivendo aquele mundo. As pessoas passavam, riam, criticavam, mas ninguém sabia o quão bom era aquela sensação de estar em outro mundo tão mais perfeito e mais emocionante do que o mundo real. Até que alguém resolveu parar e sentar ao seu lado e tirou da mochila um livro de capa escura. Olhou para ela e sorriu. Mas ela não tirou o olho do livro. E quando alguns amigos dele estava passando por ali e ele logo colocou o livro na mochila e saiu.
  Dez minutos se passaram e ela ainda estava ali. Ela iria perder a próxima aula. E perdeu. Leu todo o livro ali, no banco, em duas horas. Foi bem na hora que tocou para o recreio na escola. E as pessoas passavam correndo ou rapidamente por ela, sem olhar para ela como se ela fosse uma indiferente ou uma invisível. Mas acha que ela se importava com isso? Claro que não. Ela deu uma piscada demorada e sussurrou alto de que estava pronta para desistir daquele mundo e seguir o seu mundo.  
   Quando finalmente abriu os olhos, não viu nada além do que já havia visto antes e ficou um pouco decepcionada por não poder criar um mundo num piscar de olhos. Abaixou a cabeça. Um outro garoto sentou ao seu lado, mas dessa vez não tirou nenhum livro da mochila, apenas ficou olhando para ela que tentava criar seu mundo diante várias piscadas. E quem disse que ela olhou pra ele? Não, ela não olhou um segundo se quer. Estava concentrada demais. Ele segurou em seu ombro e ela levantou a cabeça, mas não olhou para frente, olhou para a árvore na frente. E viu cair todas as folhas daquela árvore e deixar tudo branco. E quando finalmente olhou para o garoto, viu um pequeno gnomo. 
   - Você não é um príncipe. - Disse a pequena garota que estava com um traje parecido com o da Branca de Neve. Ela esperava que um príncipe estivesse ao lado dela para fazê-la feliz assim como acabou todos os finais dos contos de princesas.
   - Pois é, eu sou apenas um gnomo. - E ele ainda sorriu o que fez ela estranhar. - Eu fiquei olhando para você enquanto lia seu livro.
   Ela apenas ficou olhando-o estranhamente, como quem queria dizer: "mas aqui é meu mundo de conto de fadas, cadê meu príncipe?", mas ela não era tão arrogante assim.
   - Ei - Disse ele. - Você vive em um conto de fadas, não é?
   - Sim, mas no meu conto de fadas não deveria ter gnomos.
   - Talvez você pense diferente. Talvez seu príncipe não seja um que use coroa ou uma capa vermelha, e que tenha um cavalo branco e que irá te levar para ser feliz para sempre.
   - Está me dizendo que nada é pra sempre, querido gnomo? - Ele rio de como ela o chamou.
   - Estou dizendo que seu conto de fadas não é igual os contos de princesas que tudo tem sempre um final para sempre. Seus contos são aqueles que você tenta descobrir o fim. 
   E ela olhou novamente para a árvore. Sorriu e olhou ao redor. E encontrou o que ela nem sabia que estava procurando: Uma explicação para seus contos insanos. Olhou para o gnomo novamente ainda sorrindo e disse:
   - Então eu te imaginei no meu conto de fadas?
   - Não, estamos na realidade, apenas tentei entrar como um gnomo na sua história. E deu certo.

Autora: Katlyn Neris

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Eu estava aqui para lembrar (fim do mundo)



Palavras foram jogadas fora, mas eu estava aqui pra lembrar;
Beijos já não significavam mais nada, mas eu estava aqui para lembrar;
Os 'eu te amo's parecem ser 'bom dia' e eu estava aqui para lembrar;
Há momentos que não se passam mais pela cabeça de algumas pessoas
e eu estou aqui lembrando deles;

Mas, além dessas pessoas, há outras pessoas que marcam muito mais
Momentos ruins são sempre lembrados
Mas os momentos bons são mais lembrados ainda.

Os risos no rosto que todo dia eu me lembro;
E eu penso em te abraçar. Sim, eu me lembro;
Noites olhando pra você, eu me lembro;
Os 'eu te amo's eram sinceros, eu sei, me lembro;
mas eu não queria ter deixado acabar

E o fim do mundo chegou, só quero poder dizer as últimas palavras
Não sei do que irei morrer, não sei se irei sobreviver
Mas quero dizer que vivi.
Por isso estou aqui lembrando dos melhores e piores momentos.
Eu só queria está viva para continuar aqui tendo o dom de lembrar

"Eu te amo"
Foram minhas últimas palavras
E elas foram para você
Por favor, não me esquece
Seja lá onde você esteja?

Autora: Katlyn Neris

domingo, 16 de dezembro de 2012

Já teve um amor de menos de 5 anos? Não, isso é paixão.

Natal, 16 de dezembro de 2012.

   Caro conhecido,
   Escrevo-lhe esta carta não só porque poderia ser um ano de namoro, mas lembrei-me de ti. Adivinha quem eu encontrei hoje. Sei que você não faz a mínima ideia. Então, eu encontrei a garota pela qual você me trocou. E, com certeza você lembra, hoje é o aniversário dela. E eu desejei a ela muitos anos de vida. Você deve está pensando: Por que fez isso? Mas ela não tem nada a ver com o que você fez e ela não quis você. 
   E eu lembro que ano passado, nessa mesma data, no aniversário dela, todos saímos para nos divertir. Ah, era tanta gente que nos separamos em dois, mas você estava lá no mesmo "bloco" que eu. Talvez você se lembre ainda de quando perguntou se eu queria que fosse serio. E eu disse sim. Mas eu não disse sim porque gostei de você. Eu me apaixonei por você. Apaixonei. Paixão. Paixão dura no máximo 5 anos pelo que já ouvi dizer. Mas a pessoa que você namorou, não era eu. Eu sei quem você achava que eu era e eu não era o que você achava. 
   Ei, querido, você ainda está lendo?
   Eu ainda lembro da nossa primeira briga. Você lembra? Eu sei que lembra. Eu ainda lembro do seu e meu aniversário que passamos juntos, lembra? Sim, você lembra. E das vezes que saímos só nós? Você também lembra. Você lembra de todos os momentos que passamos juntos, eu sei. E sabe porque você lembra? Porque você voltou atrás. Você veio me procurar e queria ler um "eu também ainda gosto de você", mas você saiu e não deixou 
eu terminar de concluir. E sabe qual era a conclusão? Você ainda não sabe, mas eu vou te contar. Preste atenção e leia devagar a cada palavra.
   O que você achava de mim? - Dramática? Ingênua? Carinhosa? PERFEITA? - Eu não sou nada disso. Eu sou aquela garota forte, sempre, e que mesmo que chore, isso não prova que sou fraca em alguns momentos, isso prova que eu coloco pra fora o ódio de mim. Carinhosa? Nunca fui, nunca sobre demonstrar meu amor, mas eu tentei te tratar bem. E, sabe, eu estava me matando. Sim, me matando. Sabe por quê? Porque eu estava forçando ser alguém que eu não era. E foi ai que eu descobri que não era amor, mas sim paixão. As pessoas costumam dizer que o amor é um sentimento ruim, mas não é, o amor é um sentimento bonito. Ou seja, as pessoas confundem amor com paixão. 
   Você tinha sonhos. E eu também. Mas você sempre decidiu os NOSSOS sonhos. E eu não consegui descordar. Burragem minha? Sim, foi burragem minha, eu fiz muitas burradas quando namorei com você. Não estou dizendo que namorar com você foi uma burragem, mas as minhas atitudes. Você nem sabia que eu planejava nunca me casar. Sabia? Sabia também que eu não queria morar em outro país? Sabia que eu preferia ser a esquisita do que a popular? Não, você não sabia de nada disso. 
   Lembra que a última frase que eu falei foi "Mas eu fiz a mesma coisa"? E você não quis que eu continuasse, mas eu vou falar o que era. Eu errei com uma pessoa e me arrependo muito e voltei atrás, mas diferentemente dessa pessoa, eu não lhe aceitei de volta porque eu sabia que você me fazia ser quem eu não era. Ah, lembrei também que eu perdi inspiração para fazer uma coisa que eu sempre gostei: Escrever. Ah, como eu amo escrever.
   Ah, reparou na imagem? Eu editei pra você entender melhor o que aconteceu entre nós.
   Mas, além de tudo isso, quero lhe dizer também que eu quero que você siga em frente e viva. Não quero guardar rancor de ninguém e por isso eu estou escrevendo essa carta para lhe desejar toda felicidade e que você tenha muitos anos de vida. Mas eu posso te dar uma dica? Quando você tiver uma outra namorada, preste atenção no que ela faz. Cuidado com as palavras que você for usar. E pergunte se ela quer viver o seu sonho com você ou se esse sonho não é o sonho dela.

De sua conhecida, Katlyn.