quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O ladrão de pássaros. (Parte 1)

   Ainda estava cedo, nada estava escuro, era 4 horas da tarde. Os pássaros sempre faziam um barulho danado e voavam pra lá e pra cá, tão livres. Eu achava lindo ficar olhando os pássaros nessa hora da tarde, porque tinha um que sempre parava na janela e ficava ali comigo enquanto eu lia meus livros favoritos. Nem sempre ele estava comigo, ele não ficava preso... - Era meu animalzinho de estimação livre.
   Mas hoje foi um dia que eu nunca vou esquecer. Eu estava lendo um dos romances policiais de Agatha Christie e não ouvi nenhum barulho dos pássaros. Essa hora já era para eles tarem mais do que barulhentos. Fiquei, fiquei, fiquei. Olhei, olhei, olhei. E nada. Nenhum sinal de nenhum pássaro hoje, nenhum. Eu estranhei muito mesmo, não havia como não estranhar. - Deixei o livro na mesa e fiquei debaixo da árvore que os pássaros viviam. Gritei. Não se ouvia nada. Hoje estava parecendo dia de funeral. Foi ai que algo me chamou atenção. Um garoto passou por frente da minha casa andando rápido e com umas malas bem grandes. 
   - Ei! - Gritei - Garoto!
   - Sim? - Ele parou em frente ao portão e corri até lá
   - Você viu algum pássaro por aqui?
   - Não tem pássaros aqui, moça. - E voltou a andar.
   Como não havia pássaros aqui? Claro que havia! Mas hoje eles não se lembraram de mim. - Abri o portão e sentei na calçada. De repente, um passarinho apareceu andando do meu lado. Arregalei os olhos e percebi que era o Meu passarinho. 
   - Pequeno! - Quando olhei mais diante a ele, percebi que estava com a asa machucada - O que houve com a sua asinha? 
   Me deu uma vontade de chorar. Doeu em mim ter que vê-lo machucado, mas eu aguentei. Fiquei tentando imaginar comigo mesma o que havia acontecido. Pensei: Acho que ele deve ter caído do ninho. O pior é que eu também estava preocupada com os outros passarinhos que não haviam começado os batuques hoje. Peguei Pequeno na mão e quando ia entrar de novo dentro de casa, vi o homem novamente passando.
   - Moço! - Falei e ele se revirou olhando para o Pequeno na minha mão.
   - Onde achou esse passarinho?
   - Ele é meu, moço.
   - Não, ele é meu.
   - Seu?
   - Meu. Dê ele pra mim.
   Foi quando ouvi um grande barulho de pássaros vindo da mala do garoto.
   - Dei-me sua mala pelo Pequeno.
   Ele colocou a mala no chão e tirou dali umas duas gaiolas com uns dez passarinhos cada. Olhei com os olhos arregalados e disse-lhe:
   - Você não pode prender os pássaros!
   - Dei-me esse outro pássaro - E jogou a mala vazia aos meus pés - A mala é sua.
   - Não!
   Ele puxou o Pequeno com toda força e correu, correu tão rápido que não parecia uma pessoa normal. 
   - É meu sonho! - Gritei e ele pôde ouvir.
   - E eu sou um ladrão de sonhos, pequena! - Gritou e voltou a correr.

P.H. - Autora: Katlyn Neris

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